sexta-feira, 27 de março de 2009

Reflexão- 21 "Radicalismo e agressividade" : nada constroem de bom e ainda geram a "autodestruição"



É muito comum,nos dias de hoje,como provavelmente sempre tenha sido,que nos deparemos com situações nas quais,pessoas ,em geral bem intencionadas,movidas mais pela emoção que pela razão,ajam com "radicalismo e agressividade " na defesa de seus pontos de vista.Levados pela indignação emotiva e até passional dirigem-se aos seus oponentes de forma ríspida e agressiva, e em alguns casos chegando até às agressões físicas.Sempre que isso acontece,ao contrário de convencer a outra parte e conseguir corrigir situações de erro e injustiças,o que resulta é a insuflação de ódio nos oponentes,que sentindo-se violentamente agredidos,partem para o revide,n´uma escalada crescente, que muitas vezes acaba em tragédias.Costuma-se dizer que àquela pessoa que contestava uma flagrante injustiça e que acabou sendo vítima de uma contundente e trágica reação,deve-se tributar toda a admiração e as maiores homenagens,por ter se tornado uma vítima, no combate à causa justa que defendia.Um verdadeiro mártir! Isso muitas vezes é verdade, mas cabe também fazer uma análise mais ponderada da questão para sem deixar de lamentar imensamente,a perda de vidas humanas,em flagrante oposição à dignidade das pessoas e a vontade de Deus,indagar até que ponto à própria vítima não terá contribuído para o desfecho ocorrido,em função da maneira como cuidou da questão!Sabemos que "violência gera violência",n´uma escala crescente das ações de revide! A própria história nos mostra exemplos de lideranças que agindo radical e agressivamente sucumbiram nesse processo.Nos mostra também,por outro lado,os casos de lideranças que conseguiram o êxito pretendido,por terem sabido atuar de forma inteligente e pacífica,sem radicalismos e agressividades e portanto não insuflando ódios!Causa mesmo tristeza perceber que muitas ações de defesa dos "direitos humanos" da defesa e proteção dos animais e da defesa do "meio ambiente" entre outros,ficam completamente prejudicadas,em relação aos seus objetivos,por absoluta falta de capacidade dos agentes,para agir com ponderação e respeito humano aos oponentes à suas idéias!Tudo se torna perdido,comprometendo-se as causas,que apesar de nobres,ficam completamente antipatizadas,perante a sociedade,devido o "papel' que fazem os seus defensores.Em outras palavras,consegue-se exatamente o contrário do que se pretendia!Ao invés de se gerar a conscientização daqueles que estejam agindo de forma indevida,num processo civilizado e de concórdia,consegue-se fazer com que continuem agindo de forma errada e ainda por cima,cheios de raiva e rancor!Resultado: aumentam-se os problemas e as injustiças! Não podemos esquecer que com um pouco de bom senso e suficiente respeito humano,podemos conseguir verdadeiros"milagres" sensibilizando, educadamente, as pessoas de modo que percebam o erro de suas posições e tenham disposição de mudar.É claro que não estamos apregoando um mundo sem leis e obrigações que devam ser observadas, mas sim que ao reivindicar e exigir o cumprimento das leis,isto se faça com respeito à dignidade humana,(para todos,independentemente de estarem certos ou errados),sem agressividades que geram também reações agressivas.É muito importante que todas as pessoas e principalmente àquelas que exercem lideranças,ajudem e contribuam para que todos se tornem pessoas progressivamente melhores, aproveitando para isso,todas as oportunidades oferecidas pela vida.Não será uma boa prática,tentar resolver as injustiças da sociedade como um todo,ou de situações individuais,dando exemplos de radicalismos, agressividades e rancores em flagrante contradição a um verdadeiro "espírito cristão"!De que adiantaria conseguir a solução dos problemas sociais se com isso as pessoas envolvidas se tornarem piores como seres humanos!O bem estar temporal é importante,mas muito mais importante é a evolução dos seres humanos como imagem,progressivamente mais semelhante a Deus,nosso Criador! Pois somente assim poderemos um dia ter o suficiente "em comum" com Deus, para poder conviver com Ele na Felicidade Eterna!


,27/03/2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

Reflexão-20 Justiça de Deus e Justiça dos Homens


Muitas vezes temos a tentação de pensar que a Justiça de Deus seja igual à Justiça nossa.Em nome de Deus fazemos verdadeiros absurdos e temos dificuldade em perceber isso.Pior ainda,temos dificuldade em aceitar,essa realidade quando a descobrimos em nós mesmos.Refletindo sobre isso podemos fazer a seguinte comparação:

                                    

Justiça de Deus                                  Justiça dos Homens

é perdão----------------------------------é intransigência
é misericórdia---------------------------é dureza de coração
é comunhão----------------------------- é excomunhão
é amor --------------------------------- - é temor
é paciência------------------------------ é impaciência
é inclusão------------------------------- é exclusão
é conversão----------------------------- é punição
é humildade-----------------------------é vaidade
é paz--------------------------------------é guerra
é calor------------------------------------é frieza
é superação------------------------------é memoria perene
é compaixão-----------------------------é não envolvimento
é consideração--------------------------é desprezo
é pensar no outro-----------------------é impessoal
é sem limites----------------------------é restrita
é perfeita---------------------------------é facciosa
não faz acpções                                 tem favorecimentos
respeita a liberdade--------------------o briga radicalmente
é sempre verdade-----------------------muitas vezes é mentira
é consciência--------------------------- é ciência fria
convence--------------------------------vence
educa------------------------------------oprime
releva------------------------------------contabiliza tudo
comove-se------------------------------é insensível
ameniza---------------------------------é implacável
é amistosa-------------------------------é rancorosa
é otimista-------------------------------é pessimista
age com carinho-----------------------age com rigor
prioriza as flores----------------------dá valor aos espinhos
chama à razão-------------------------emprega a força
paga o mal com o bem---------------paga o mal com o mal
respeita---------------------------------humilha
constrói---------------------------------destrói
ultrapassa a lógica humana----------manipula a lógica
desculpa--------------------------------revida
acolhe---------------------------------- agride
é luz-------------------------------------é trevas
ilumina---------------------------------cega
é diálogo-------------------------------é monólogo
fala mansamente----------------------grita
pede------------------------------------ obriga
convida---------------------------------exige
não se escandaliza--------------------é moralista
é doação--------------------------------é cobrança
perdoa sempre------------------------ nunca perdoa
é tudo de bom-------------------------não é nada!


Somos todos convidados por Deus,a exercitar a Justiça d´Ele e não a nossa!Louvado seja Ele para sempre!



,19/03/2009

sábado, 14 de março de 2009

Reflexão- 19 Brasil : Um Estado que acredita em Deus !

Um dia desses,assistindo à televisão, n`uma espécie de "mesa redonda", chamaram-me à atenção,colocações feitas por participantes,que estranhavam que na sala do plenário do Supremo Tribunal Federal,em Brasília,exista um "Crucifixo"pendurado na parede de fundo.(O mesmo ocorre em outros ambientes de atuação dos três Poderes da República: Legislativo,Executivo e Judiciário,nos seus diversos níveis.)Ponderavam os participantes que o Brasil sendo um "estado laico",não teria sentido a existência de símbolos religiosos em dependências de governo e em repartições públicas pois isso estaria contrariando a natureza laica do Estado. Ouvindo essas colocações despertou-me a curiosidade de verificar o que diz a Constituição da República Federativa do Brasil,que como todos sabemos é a Lei Maior da Nação,sobre a constituição do Estado Brasileiro. Consultando então a nossa Constituição de 1988 vamos encontrar ali,logo no seu início,no chamado "Preâmbulo",o seguinte texto que aqui transcrevemos: "Nós,representantes do povo brasileiro,reunidos em Assembléia Constituinte,para instituir um Estado Democrático,destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,a liberdade,a segurança,o bem-estar,o desenvolvimento,a igualdade e a justiça,como valores supremos de uma sociedade fraterna,pluralista e sem preconceitos,fundada na harmonia social e comprometida,na ordem interna e internacional,com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos,sob a proteção de Deus (o grifo em negrito é nosso),a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil" (e segue-se então o desenvolvimento da Constituição). Como se vê,no Preâmbulo da Constituição os" Constituintes"dizem que promulgam a Constituição, "sob a proteção de Deus!"O que se pode concluir dessa alegação dos "Constituintes"? Pode-se e deve-se concluir que:
1-Os "Constituintes",na sua maioria expressiva,necessária e suficiente, para a aprovação da instituição do Estado Brasileiro,confessam uma crença em Deus!
2-Constituem o Estado Brasileiro,sob os auspícios de Deus,que crêem proteger-lhes as ações de instituição desse Estado Brasileiro.
3-É claro que pode-se imaginar no universo dos "constituintes", representantes do povo que possam ser "não crentes",não aceitando nenhum tipo de crença em entidades transcendentais ao ser humano e portanto não acreditando em Deus. Tais "Constituintes" terão sido,se existiram,minoria,face à maioria indiscutível que optou pela colocação explícita da referência à Deus no próprio "Preâmbulo" da Constituição, como que a deixar bem clara essa posição e essa disposição!
4-Sendo assim é forçoso concluir-se que o Estado Brasileiro é um estado que se funda e se fundamenta,considerando como uma das suas premissas de base ,a existência de Deus!
5-O Estado Brasileiro não é portanto, um estado materialista e sem crenças!
Ao mesmo tempo que constatamos que a Assembléia Constituinte admitiu e considerou a crença em Deus, verificamos também que ela a Constituinte , fez questão de não escolher nem acolher, nenhuma das opções religiosas que existem!Mais que isso, proibiu ao Estado Brasileiro que o fizesse!Sendo assim poder-se-ia questionar o fato de se usarem,em ambientes e repartições públicas,um símbolo cristão como o Crucifixo,não havendo o uso de símbolos de outras religiões. Sobre isso podemos fazer a seguinte ponderação: A maioria indiscutível da população brasileira professa e tem professado historicamente, o Cristianismo e portanto quando se quer dar um testemunho daquilo que foi dito no Preâmbulo da Constituição,ou seja que o Estado Brasileiro foi instituído sob a proteção de Deus,lança-se mão de um dos símbolos mais conhecidos do Cristianismo,que é o Crucifixo. É como se se dissesse: "Aqui nesse ambiente,agimos e agiremos sob a proteção de Deus".(Não é por motivo diferente que em muitos países se usa a Bíblia para se fazer sobre ela os juramentos dos futuros ocupantes de cargos públicos.)
Outro ponto importante a notar na Constituição é que o Estado Brasileiro valoriza e até apóia o ensino religioso nas escolas públicas, por entender,consoante o espírito da Constituição,ser aconselhável a existência de ensino religioso junto às crianças e jovens,pois isso contribui muito para a formação do caráter das pessoas e para a sua transformação em cidadãos de bem.
Finalmente,cabe aqui ressaltar que o Estado Brasileiro não é um estado dito "teocrático" onde uma determinada facção religiosa exerce um poder hierarquicamente superior ao Estado,procedendo à análise e supervisão das ações do Estado,podendo confirmar ou desautorizar e até proibir ações do Estado,alem de determinar ações que o Estado deve tomar compulsoriamente. O Estado Brasileiro é completamente autônomo,nas suas decisões e ações,levadas a efeito de acordo com a Constituição Federal. Quando se diz que o Estado Brasileiro é um "estado laico" essa afirmação é inadequada pois não deixa clara a realidade do mesmo, permitindo confusões e interpretações errôneas como por exemplo imaginar-se que "estado laico"corresponda a estado "não crente" ou a "estado materialista" ou a "estado sem religião". O Estado Brasileiro,de acordo com a sua Constituição é um Estado Democrático e "crente" por vontade de seus Constituintes,legítimos representantes do Povo Brasileiro!
14 de março de 2009





sábado, 21 de fevereiro de 2009

Reflexão-18 "Paz e Justiça"

Reflexão- 18 " Paz e Justiça"

È muito comum ouvir-se dizer que a Paz decorre da Justiça! Como conseqüência imagina-se que eliminando-se as Injustiças, automaticamente e certamente obter-se-ia a Paz. Será que isso corresponde mesmo à realidade da humanidade,ou trata-se de uma interpretação um tanto simplista sobre as hostilidades entre os seres humanos? Para encontrar uma resposta a tal indagação é importante procurar conhecer quais os elementos que entram na gênese dos desentendimentos entre as pessoas.Enfim o que leva as pessoas a se desentenderem,em menor ou maior escala? É preciso considerar os aspectos comportamentais de cada um e de todos ,decorrentes da realidade do seu ser e da realidade de vida de cada um.Aparecerão então aspectos de constituição pessoal (personalidades diferentes,sensibilidades diferentes,conforme as heranças genéticas de cada um),resultados de culturas e experiências culturais diferentes. Sem dúvida,tudo isso,torna-se ingrediente importante para caracterizar-se o que se poderia rotular de "condições injustas" ou "Injustiças".É importante perceber que o conceito de Injustiça não é único nem absoluto,mas relativo à cultura vigente em cada comunidade .O que é desejável em um lugar pode não ser em outro.Pode até mesmo caracterizar-se como detestável nesse outro lugar. Toda vez que algo indesejável, aos olhos de determinada comunidade, estiver acontecendo,fatalmente,aí se identificarão situações ditas de Injustiça,que poderiam, então,por em perigo a Paz.É claro que apesar das particularidades de cada sociedade,tem-se um certo consenso das questões que são consideradas essenciais à humanidade .São aqueles pontos elencados sob o nome de "Declaração dos Direitos Humanos", aceitos,teoricamente pelo menos,por todos,como obrigação geral.Diz-se "teoricamente",porque na prática muitos desvios ocorrem ,dependendo de vários fatores tais como: interesses políticos,comerciais, ideológicos, fanático-religiosos,etc.,que muitas vezes estão presentes,embora em geral negados.Sendo assim e voltando-se à questão inicial ou seja: "será que a Justiça garante a Paz?" Parece-nos que não,pelos motivos mencionados ,já que há divergência de entendimentos e de interesses,entre as pessoas. Talvez se possa dizer,mais seguramente,que a Injustiça,com certeza, compromete a Paz, pois qualquer que seja a situação de descontentamento (suposta "Injustiça" na avaliação subjetiva de quem está descontente),com certeza prejudicará, em maior ou menor grau,a Paz. Então a Paz não decorre ,simplesmente, da Justiça,mas se destrói com a Injustiça, real ou presumida,ou em outras palavras, a Justiça, humanamente falando, é condição básica necessária para que haja a Paz,mas não é condição suficiente para isso.(Chamando aí de Injustiça presumida,tudo aquilo que não for da expectativa e do desejo de cada pessoa em cada sociedade,mesmo que haja divergência com o entendimento geral).Como as pessoas são diferentes,os interesses em geral também o são e torna-se impossível agradar-se a todos.Há sempre muitos "injustiçados" de acordo com a avaliação de cada um!Tal realidade cria tensões inevitáveis que comprometem a Paz. O que fazer então?É um problema sem solução? Parece-nos que o problema apresenta possibilidades de mitigação quando se adentra o terreno da "conversão pessoal",baseada na conscientização e no empenho do próprio ser humano,em combater,dentro de si, sentimentos e tendências,que não se coadunam com a boa convivência entre as pessoas.É quando cada um percebe que ninguém é melhor,nem pior que ninguém,mas que todos temos os mesmos direitos e deveres,enquanto pessoas.Que cada um e todos devem ser respeitados por todos.Que os menos favorecidos precisam ser acudidos pelos mais favorecidos.Que a competição entre seres humanos é sempre execrável,ainda que camuflada sob formas pretensamente inocentes,como ocorre em muitas disputas esportivas,que as vezes se transformam em verdadeiras batalhas de guerra.Que somos enganados e nos enganamos,aceitando e considerando justas,práticas de uma "justiça falsa",falaciosa,empregada como regra geral em todos os concursos públicos,para se entrar em Faculdades publicas ou para ocupar cargos públicos.(Prioriza-se quem já tendo sido agraciado pela Natureza,e possuidor de maior facilidade intelectual para fazer" provas acadêmicas" ,muitas vezes ridiculamente estéreis),recebe um segundo prêmio que decorre de já ter sido privilegiado,pela Natureza.Em outra palavras :quem nasceu supostamente mais inteligente passa a ter o direito de ocupar as posições mais vantajosas da sociedade! Que justiça é esta?Será que é esta a justiça de Deus? Podemos afirmar com toda certeza que não! Deixa claro isso ,a opção preferencial de Deus pelos mais " fracos,pobres e carentes"! Mas combater injustiças é muito mais que denunciar situações tidas como injustas!É promover a Justiça ou seja,trabalhar para conseguir que em todos e em cada um,haja a intenção firme, sincera e honesta de buscar a igualdade,o respeito humano e o bem estar de todos,como irmãos.É preciso tocar os corações de todos para uma real "conversão".Pessoas "convertidas" promovem a conversão e por conseqüência promovem o bem estar e a Justiça,para o próximo.Não porque sejam obrigadas por ações de lei,mas porque intimamente convencidos pela Graça de Deus,na sua conversão,sentem necessidade,prazer e motivação para serem bons , fraternos e misericordiosos como Deus o é !


, 21/02/2009



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Reflexão-17 "Obrigado Senhor pela minha pequena fé!"

Todos nós pensamos que o ideal seria que tivéssemos uma fé enorme,tão grande e tão sólida,que nos levasse a jamais ter qualquer dúvida religiosa e que nos permitisse viver, nesse mundo,uma perfeita antecipação do Céu. A própria Palavra de Deus,confirma que tal realidade de fé possibilitaria :"mover montanhas" ou seja faria acontecer até o impossível. Diante deste quadro nos sentimos, muitas vezes tristes, por constatarmos a pequenez da nossa fé. Sentimo-nos,não poucas vezes,como o último dos crentes e caímos no desânimo achando sempre que a fé dos outros é muito maior que a nossa. Por outro lado o próprio Jesus,ao mesmo tempo que enaltece a importância de se ter fé ( Mt 8,13 Mt15,28 Mc 11,23-24 Lc 8,48 Lc 17,6 Lc 17,19 ) nos recomenda que peçamos à Deus que nos socorra ; que oremos insistentemente pedindo ao Espírito Santo de Deus que nos dê a fé.(Mt 7,7-11 Lc 11,9-10 ). Forma-se assim um "ciclo virtuoso",qual seja: " Acho que não creio o suficiente e por isso peço à Deus que aumente a minha fé. Mas mesmo achando que não creio o suficiente,creio na possibilidade de ter a minha fé aumentada por Deus e portanto tenho assim a realimentação da minha crença,pelas graças de Deus!" Em outras palavras : "Achando que não tenho fé abro o meu coração à ação de Deus que assim apressa-Se a aumentar a minha fé,percebendo a minha aceitação ao Seu convite, para que eu seja,por Jesus,e em Jesus, seu filho adotivo.Fica agora a seguinte questão:" e se por acaso eu julgasse ser possuidor de uma grande fé? O que aconteceria comigo ,então? Será que eu teria um mínimo de humildade e estaria predisposto a considerar-me fraco e necessitado de Deus? Será que eu pediria à Deus o aumento de minha fé? Ou,pelo contrário,me fecharia na presunção e na vaidade dispensando o socorro de Deus? É uma reflexão que todos precisamos fazer! Talvez seja um ótimo sinal,o fato de considerarmos a nossa fé sempre pequena e insuficiente,como ela sempre será, face a magnificência de Deus!

 01/01/2009

sábado, 20 de dezembro de 2008

Reflexão- 16 " O Livre Arbítrio "

Muito se fala sobre o chamado:"Livre Arbítrio" do ser humano,pouco se atentando para o seu real significado.Há quem pense que o ser humano nada tenha de "livre arbítrio",considerando que ele (cada ser humano),é o resultado de uma "carga genética" de herança,biologicamente recebida através de seus progenitores,combinada com os condicionamentos decorrentes das interações do indivíduo com o seu meio ambiente,e nada alem disso.Assim nega-se a existência de qualquer discernimento por parte do próprio indivíduo, influenciando sua trajetória de vida.O ser humano é então visto como fruto decorrente somente da sua própria genética e das "relações com o ambiente".Tal modelo,alem de não nos parecer, adequadamente fidedigno á realidade do ser humano,é um modelo representativo ,muito frustrante para o próprio ser humano,uma vez que o reduz a uma "marionete" cujos cordéis são "movidos" pela "carga genética" e pelas "relações ambientais".O ser humano aí é um elemento totalmente passivo que não constata a sua própria realidade tomando consciência dela,mas tão somente sente-se bem ou não, e caso não se sinta bem,fica submetido á seguinte problemática: Como não é possível alterar a "carga genética",(podendo-se somente atuar minimizando seus efeitos, de forma restrita, através de fármacos),haveria a necessidade de se encontrar meios de mudar as "relações ambientais",de forma efetiva, para que assim melhorassem as condições de vida do indivíduo.Mas como se imagina que não haja nenhuma possibilidade de "análise,discernimento e decisão" ou seja ação intelectual de uma "mente pensante e coordenadora das ações do indivíduo"ter-se-ia que procurar alterar as reações do meio ambiente ás ações do indivíduo, de forma unilateral,para que então em consequência, se alterasse a vida do indivíduo.Porem as reações do meio ambiente são reações provenientes das pessoas com as quais se relaciona o indivíduo em questão, e como é que vai ser possível modificar o comportamento dessas outras pessoas sem que se crie nelas uma motivação para tal ?É claro que as pessoas consideram-se, e de fato o são,embora não totalmente, administradoras,das suas próprias vidas,e aceitarão ou não as propostas que julgarem convenientes a si próprias,inclusive no que tange às tentativas de mudanças nas suas inter-relações ambientais.Enfim tudo passa pelo "crivo" soberano da própria pessoa,validando ou não os caminhos a serem seguidos.Em outras palavras,está sempre presente um processo intelectual cognitivo e discernente, elaborado pelo próprio indivíduo e que se constitui,no terceiro elemento que entra na composição do indivíduo,enquanto ser humano,caracterizando a sua transcendência ao quadro restrito constituído pela "carga genética" e pelas experiências de interação com o meio ambiente.Trata-se da ação do "indivíduo pensante"que elabora,racionalmente ou não,suas próprias experiências de vida e toma decisões que influenciam fundamentalmente a sua realidade de ser,daí em diante.É o que se chama de "livre arbítrio" do ser humano,que sendo "arbítrio"não é completamente "livre"no sentido absoluto da palavra,uma vez que qualquer decisão, tomada a cada passo,é sem dúvida influenciada pelas experiências vividas,ou seja,pelo passado do indivíduo.Mas também há que se perceber que a capacidade intelectual do indivíduo possibilita que o mesmo faça ilações e projeções de eventuais repercussões no seu próprio futuro,decorrentes sim, de suas experiências vividas,mas que sugerem "opções de caminhos" que submetidos à análise discernitiva do próprio indivíduo,resultarão na escolha de uma ou mais opções,em detrimento das demais.Sempre se poderá insistir na consideração do ser humano como se fosse uma "marionete" alegando-se que ele nada decidiu,mas que as injunções de seu passado e da sua genética é que agiram,determinando os seus "caminhos".Tal interpretação,porem nada contribui para que o indivíduo possa conseguir solução para os seus problemas psicológicos.Pelo contrário,parece-nos que tal enfoque somente tornará tudo mais difícil, uma vez que haverá a tendência do próprio indivíduo não encontrar esperança para a solução dos seus problemas,que sendo vistos como decorrentes de sua herança genética(onde as possibilidades de intervenção são bastante restritas, como já foi dito,e ainda ficcionais pela engenharia genética) e também das interações com o meio ambiente,vistas como fora do alcance prático do próprio indivíduo(isto porque,excluindo-se a possibilidade de discernimento e de decisão do próprio indivíduo,restaria somente a possibilidade de tentar alterar o ambiente hostil ao indivíduo,o que é praticamente impossível,já que o ambiente é infinitamente complexo,variável e com tantos protagonistas,que "alguma coisa " que possa ser conseguida de êxito ,será com certeza, considerada completamente insuficiente) .Poderíamos comparar,talvez,com a situação de um pianista que tentasse puxar para si o piano,estando sentado no seu banquinho e ignorando a supremacia inercial do piano.Somente logrará êxito na aproximação, na medida em que os seus esforços fizerem com que ele e o seu banquinho desloquem-se aproximando-se do piano,que certamente continuará imóvel onde sempre esteve. Poderá acontecer até, que o pianista nem se dê conta de que o que aconteceu foi a sua própria movimentação a não a do piano,mas uma coisa é certa: ao tentar "mudar" o piano, o pianista é que se mudaria! Fazendo-se o retorno à nossa questão,podemos imaginar conseguir êxito,na solução de problemas psicológicos,tentando mudar o ambiente("arrastar o piano"),para que na realidade se modifique o indivíduo("deslocar-se o banquinho com o pianista até o piano"). Por outro lado, provavelmente, muito mais sucesso se poderá conseguir contando-se com o discernimento e as decisões do próprio indivíduo,através de processos especializados de terapêutica nos quais o terapeuta poderá orientar e auxiliar o processo de análise e discernimento do indivíduo levando-o a perceber os enganos de sua avaliação e de seu raciocínio quanto às suas relações ambientais e motivando-o portanto a tentar modificar o seu próprio comportamento,naqueles pontos identificados como focos de dificuldades relacionais.Admite-se assim a existência no ser humano de um "livre arbítrio relativo" que alem de nos parecer de real existência, e de efetividade terapêutica, resguarda a dignidade dos seres humanos como co-participes de sua criação e co-administradores de suas próprias vidas.

,12/12/2008

REFLEXÃO-15 Quem nos dá a existência é Deus.

Evidentemente,tudo que existe,tem sua existência originada em Deus,o criador de tudo e de todos! A nós humanos,Deus nos reservou o papel significativo,de auxiliares de sua criação,na medida em que com o nosso "livre arbítrio"(que obviamente é sempre relativo,pois absoluto só Deus é!), tomamos atitudes que se caracterizam por escolhas dentre as opções que Deus nos permite,e assim nos tornamos co-criadores,com Deus. É dessa forma que vemos se originar e nascer um novo ser,como conseqüência de nossa decisão procriativa!É uma nova vida que começa, pela vontade de Deus,mas aparentemente como fruto de nossas decisões! Uma vez iniciada,essa nova vida,ali no momento da concepção,ela não terá mais fim,pois sua existência transcenderá à sua vida terrena. A morte não a eliminará da existência,mas tão somente a transportará para uma outra condição,que nos é desconhecida, enquanto estamos vivos,na condição terrena.É claro que tudo isso está no domínio da nossa fé!Não se pode,racionalmente,demonstrar! Mas mesmo que a pessoa não queira aceitar nenhuma possibilidade de continuidade da existência após a morte ,não se poderia dizer que com a morte, aquele(a) que existiu teve a sua existência desfeita ou "apagada"!Quem existe,sempre continuará existindo ,nos seus desdobramentos e conseqüências,para sempre, ainda que não viva mais neste mundo!Assim,por exemplo,o pai que já morreu, continua existindo como origem e causa de seus filhos,netos,etc.,que terão a razão de sua existência na colaboração de seus ancestrais com o Criador! Nada do que acontece poderá des-acontecer!Tudo integrará a história da criação! Chegamos agora ao momento de pensar na existência de cada um de nós,como "dom de Deus"!Para ter a existência como um "dom" (entendendo,como é usual, "dom", como algo de bom para quem recebe),somos levados levados a pensar que Deus seja amor e por isso esteja sempre motivado a fazer "dons",dentre os quais o "dom da vida".Somente o amor verdadeiro produz "dons"ou seja dádivas gratuitas e não merecidas por quem as recebe,decorrentes exclusiva e unilateralmente do amor do doador por aquele que recebe a dádiva.O verdadeiro amor é sempre dirigido do íntimo do doador para a individualidade do recebedor,independentemente de sua concordância, aceitação,reconhecimento,agradecimento ou retribuição! Pensemos agora o que acontece quando colaborando com Deus,ajudamos a iniciar-se uma nova vida!Houve a concepção e não há reversibilidade!Alguém novo começou a existir e existirá para sempre!Sua vida terrena poderá durar pouco ou muito!Terá um termo com a sua morte,porem sua existência continuará para sempre,na historia da criação,face à realidade de Deus!Causas temporais,naturais ou não,poderão ou não, abreviar a existência terrena desse novo ser! Quando tal abreviação ocorre isso é bom ou ruim para ele?Essa é uma pergunta de difícil resposta,porem tudo aponta na direção de que àquele ser indefeso,ainda resguardado pela proteção do ventre materno,não se possa causar nenhum dano efetivo que desvalorizasse a sua existência global como ser humano,filho de Deus,mesmo que se abrevie a sua vida terrena!Provavelmente,esse novo ser será levado a pular alguns passos na sua caminhada para Deus,quando lhe for interrompida a sua vida terrena. Deus certamente tem uma consideração especial por esses que são compulsoriamente cortados da vida terrena!Sim, Deus estará de braços abertos para recebê-los no seio do seu amor! Cabe pensar então, por que todos nós concordamos que seja uma ação hedionda,aquela de truncar a vida terrena de alguém,seja ele nascituro ou já nascido,se pensarmos que esse ser,como vítima da ação assassina,com certeza estará aconchegantemente agasalhado no seio do amor de Deus! Tal ação é hedionda porque desrespeita ao máximo a realidade de existência de um outro ser humano,numa ação de profundo egoísmo daquele que a pratica,tornando-se o algoz de um seu semelhante.Essa ação destruidora,contrária à vontade de Deus,deixará feridas profundas e indeléveis naquele que a praticou.A vitima, nada sofrerá de danoso à sua existência,como pessoa humana e filho de Deus,muito pelo contrário! Já o algoz,terá que conviver para sempre com a agonia e o sofrimento que decorrerão da consciência da ação hedionda cometida!Não se pode,por outro lado,esquecer que a misericórdia de Deus é infinita,e que Ele sempre tem uma atenção especial também para aqueles que caírem nesse e noutros pecados.Afinal Deus nos quer a todos como filhos,que mesmo não sendo bons,serão sempre convidados, insistentemente,a se tornar bons para que possam conviver com Deus ,um dia , na felicidade eterna!

 - 8/10/2008


REFLEXÃO-13 "A Pena de Morte"

Parece-nos um absurdo dizer-se que :"Em teoria a pena de morte é lícita na medida em que seja a legítima defesa da sociedade,contra um criminoso ,injusto agressor".(Assim apresentam a questão alguns manuais de Teologia Moral).Vejamos porque não se pode concordar com isso.
1- Não há como se aceitar a aplicação de "penalidades preventivas", ou seja a aplicação de alguma "pena"antecedendo-se à pratica de um crime. A aplicação de qualquer penalidade somente poderá acontecer a alguém,se essa pessoa tiver sido julgada e condenada,com base na legislação vigente , o que só pode ocorrer,evidentemente,após cometido o crime.Ninguém poderá estar sujeito a uma penalização,imaginando-se (com base no seu histórico de vida),os crimes que eventualmente possa vir a cometer!
2- Para se caracterizar a "legítima defesa",a ação deve acontecer no "presente" para evitar uma ação fatal que aconteceria no que se poderia chamar de "futuro imediato" ou seja,por exemplo,alguém que tira a vida de outra pessoa,no ímpeto de uma tentativa de evitar que aconteça o inverso. Tudo ocorre em questão de segundos!Não se poderia falar em "legítima defesa"quando pudessem ser acionados os recursos legais da Sociedade Civil Organizada (por exemplo a ação policial),para em tempo,evitar a agressão do oponente!
3- Por outro lado a "legítima defesa"que poderia justificar o inevitável comprometimento da vida de outrem,só poderia ser aquela caracterizada por ter como alvo,pessoas humanas,que como sabemos, tem uma vida pulsante e efêmera passível de esvair-se em conseqüência de um ato de agressão.Não se poderia transportar tal entendimento para" pessoas jurídicas"como a Sociedade Civil, Empresas e outras entidades,que evidentemente não têm vida em si,embora reúnam interesses e conveniências de pessoas.Tais interesses e conveniências dessas entidades,alem de ser incomparáveis com vidas humanas,podem ser resguardados pelos meios normais existentes para tal, na Sociedade Organizada.

4- A vida humana deve ser sempre intocável e respeitada,em toda a sua plenitude,ainda que seja a vida de um criminoso perigoso! Jamais se poderia aceitar o sacrifício de uma vida humana,para "efeitos pedagógicos" de intimidação dos demais.Tal atuação nos igualaria a triste e deplorável realidade dos regimes totalitários e desumanos como o "nazismo" o "fascismo",o "comunismo" e outros ,que sem dúvida recebem o total repúdio de todos.Essas práticas totalmente ofensivas à humanidade e à Deus jamais poderiam ser aceitas e muito menos ser rotuladas ,cinicamente, de medicinais! Os fins nunca justificam os meios, se os meios representarem o atentado contra a vida de um ser humano, qualquer que seja ele!
5- Até aqui aventamos somente argumentos éticos,mas agora vamos considerar o lado religioso da questão. Nós recebemos a nossa vida de Deus,nosso Pai e Criador e sabemos que nossa vida terrena é transitória e destina-se a nos propiciar uma caminhada de conversão para Deus, seguindo Jesus Cristo,a Verdade ,a Vida e o Caminho até Deus. Durante a nossa vida terrena somos convidados por Deus a superar as nossas deficiências,com as Graças de Deus,buscando a semelhança com o ideal que é Jesus Cristo. Alguns podem levar mais tempo,outros menos,para se engajar nesse processo de conversão,que ninguém tem o direito de interromper,pondo um fim,ao tirar a vida do outro! Ao decretar a morte de alguém a Sociedade estaria agindo de forma absoluta,usurpando uma prerrogativa que só o Criador pode ter! Alem disso estaria agindo com total falta de amor fraterno e com total desumanidade,selando o infortúnio de alguém,que mais à frente talvez pudesse se converter!
Restringir,se necessário, a liberdade de um criminoso,sim! Tirar-lhe a vida, nunca!

,27/5/2008


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

REFLEXÃO-10 Antropomorfismo



Quando o ser humano pensa em Deus é naturalmente levado a imaginar n’Ele condições especiais que do ponto de vista humano seriam não somente desejáveis mas fundamentais em Deus.Nesse processo nós imaginamos para Deus tudo o que achamos que seja bom para a humanidade e pensamos em Deus como possuidor e sede dessas qualidades ,consideradas em intensidade infinita.É o que se chama “antropomorfismo”ou seja é imaginar que Deus tenha tudo que seja bom,aos nossos olhos,em quantidade infinita. Infelizmente,os valores considerados como bons,pela humanidade,nem sempre de fato o são,dada a nossa natureza falha e pecadora,que muitas vezes cai no erro e chega a adotar falsos valores e o que é pior projeta tais valores falsos na imagem que faz de Deus.Acaba-se assim imaginando que Deus possa agir como faz a humanidade ,provocando guerras, destruições, matanças, vinganças, castigos,etc.,etc.É o que poderíamos chamar de “antropomorfismo negativo”ou seja atribuir-se à Deus o que temos de ruim mas que achamos que seja bom e que portanto Deus deva ter!Assim imaginamos que Deus deva ser justo como nós somos “justos” e como a nossa “justiça”exige sempre a contrapartida (“errou tem que ser punido”),achamos que a justiça de Deus também estará baseada na contrapartida e então imaginamos Deus como castigador implacável dos pecadores!Mas quando conhecemos a realidade de Jesus Cristo,que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem,vemos n’Ele a verdadeira face de Deus que é amor, misericórdia e perdão e podemos perceber então que a imagem que fazíamos de Deus como “castigador implacável”não tem nenhum sentido e trata-se de um erro de nossa parte,ou seja: um “antropomorfismo negativo”que precisamos banir de nossas mentes.Quando na própria Bíblia lemos relatos diversos onde Deus aparece como um Deus vingativo e castigador,é preciso compreender que ali aparecem registros de imagens de Deus que foram sendo concebidas ao longo da história da humanidade,imagens essas que decorriam de “antropomorfismos nagativos”e portanto não correspondentes à realidade de Deus! Em outras palavras:Deus é imutável,sendo portanto sempre o mesmo!As imagens que o homem faz de Deus,ao contrário, são variáveis e vão mudando,aproximando-se, progressivamente,da realidade de Deus na medida em que se vai conhecendo Jesus Cristo que nos mostra em si a verdadeira face de Deus!




REFLEXÃO -8 “Ecumenismo”



Lá se vão quarenta anos desde que terminou o concílio Vaticano-II.Muitos temas ali abordados continuam latentes a espera do despertar da Igreja para eles.Um deles é o que se chamou de:”Ecumenismo”ou seja a convivência da Igreja Católica Apostólica Romana com as outras diversas igrejas cristãs que dela estão historicamente separadas .Nesse enfoque consideram-se tanto as mais antigas provenientes dos primórdios dos tempos cristãos, quanto as resultantes do Cisma do Oriente ,como aquelas resultantes da Reforma Protestante..Isto com referência aos acontecimentos do século XVI ou aos dos dias de hoje, quando, a cada momento,surgem novas denominações religiosas.É tratado à parte,sob um título diferente,(Diálogo Inter-religioso) o relacionamento da Igreja Católica com as religiões não cristãs,tanto as monoteístas principais (Judaísmo,Islamismo ),quanto às demais religiões existentes.Para com todas o concílio Vaticano-II teve a dedicação de sua atenção,certamente por inspiração do Espírito Santo,que sendo Deus trabalha no sentido de conduzir a humanidade à aceitação do convite de Deus para que sejamos um só rebanho sob os cuidados do único e verdadeiro pastor: Jesus Cristo!Apesar de passados tantos anos muito pouco se fez de evolução ou de caminhada nesse campo do relacionamento com outras denominações religiosas e é preciso que nos questionemos para procurar as causas de tão pouco ! Dizer que devemos nos questionar é ter como certo que a responsabilidade é de todos nós,leigos e hierarquia da Igreja,que fomos chamados a uma resposta positiva no e pelo concílio Vaticano-II.A primeira vista poder-se-ia pensar que a grande ou maior responsabilidade seria aquela dos pastores em geral, componentes fundamentais da hierarquia da Igreja,afinal são eles que têm que conduzir as ovelhas no pastoreio!Acontece porem que muitas vezes nos esquecemos que o pastor conduz sim as ovelhas,mas não para atender os seus próprios anseios e as suas próprias necessidades,e sim para buscar o benefício das ovelhas enquanto ovelhas ,de forma que se realizem e se plenifiquem,tanto quanto possível, na sua realidade de ovelhas do verdadeiro pastor que é Cristo!Assim sendo percebemos que é um ponto fundamental,nessa e noutras questões,a identificação das necessidades das ovelhas,para que se tornem :boas ovelhas,pois o bom pastor somente acontecerá se por seu meio as ovelhas se motivarem a ser boas ovelhas!Logicamente aí as ovelhas não serão somente aquelas desse ou daquele redil,mas serão todas as ovelhas que precisarão tornar-se um único rebanho sob o único e verdadeiro pastor : Cristo!Quando se chega a este entendimento,percebe-se que é preciso mudar o enfoque.Não mais pensar em convivência com outras religiões partindo-se de premissas religiosas oriundas dessa ou daquela denominação religiosa para identificar pontos coincidentes e discordantes.É preciso partir da realidade humana das ovelhas,enquanto ovelhas,(filhos de Deus) pois todas as ovelhas são igualmente filhos de Deus,pertençam elas a que denominação religiosa pertencerem.Há que se buscar a convivência fraterna das ovelhas em primeiro lugar!É preciso chegar-se à conscientização de que somos todos filhos do mesmo Pai que nos ama a todos misericordiosamente!Somente nos enxergando como irmãos estaremos em condições de nos relacionar amistosamente e aí falarmos :com e do Nosso Pai comum!Torna-se claro então que não podemos continuar nos considerando: os certos e os outros: os errados!Nós :os bons e eles :os maus!Nós:os sérios e verdadeiros e eles:os falsos e mentirosos!Nós:os corretos e honestos e eles não!Nós os que temos o direito de agir em nome de Cristo e eles os usurpadores!Deus não pertence a ninguém,mas todos pertencemos à Deus!(1Cor3,21-23).O desafio que Deus nos coloca ,à nossa frente,é de aceitarmos e amarmos fraternalmente todas as pessoas,independentemente de suas diferenças em relação a nós,sejam elas de raça,naturalidade,condições sociais,parentesco,modo de pensar,modo de agir e também das diferenças de crença e religiosidade que apresentem!Deus criou o ser humano livre para tomar suas próprias decisões (deu-lhe o chamado:livre arbítrio) e Deus respeita sempre a liberdade de cada um de nós.Apesar de contra a Sua vontade ,respeita até mesmo as nossas atitudes,muitas vezes de desrespeito à liberdade do próximo!Com certeza todas as vezes que tratamos nossos irmãos de outras denominações religiosas (ou até mesmo nossos irmãos sem nenhuma opção religiosa ) com desprezo, desconsideração,desrespeito,discriminação,desimportância,desconfiança,desconhecimento,desmoralização,deturpação,destruição,enfim com desamor,é ao próprio Cristo que o fazemos!Ele, o Cristo,certamente está solidário,sempre,com todos os que são agredidos e injustiçados!Peçamos perdão a Deus e aos irmãos por tentarmos,tantas vezes, tomar posse de Deus,como se fosse nossa propriedade e um bem de consumo nosso!Abramos o nosso coração para deixar sair dalí tudo que o entulha e que impede que ali reine o amor de Deus,que se apresenta no ser humano,na forma de amor ao próximo!Será exercitando o amor ao próximo que ,aí sim,concretizaremos o Ecumenismo,concretizaremos o Diálogo Inter-religioso e concretizaremos a boa e respeitosa convivência com todos os irmãos!Fica claro então,que o início,a base de tudo é o amor ao próximo,dom de Deus que precisamos pedir e cultivar!Vale aquí lembrar São João que nos diz que aquele que alega amar a Deus sem amar o irmão é um mentiroso!(1Jo 4,20-21). A Igreja tem nos recomendado a aproximação com nossos “irmãos separados” e desde o concílio Vaticano-II,de uma forma mais insistente!Muitas vezes devido a uma cultura segregacionista e até revanchista procura-se a aproximação com os irmãos separados,de uma forma inconscientemente não autêntica.Busca-se o outro olhando-se para baixo e não na altura do horizonte,como seria normal entre irmãos!Temos muita dificuldade em descer do pedestal em que nos colocamos,para nos relacionar,fraternalmente!Falta-nos, muitas vezes, a confiança para agirmos como imitadores de Cristo,procurando atingir o coração das pessoas,para travar com elas um relacionamento sincero,amistoso e respeitador da individualidade e da liberdade de cada um,enaltecendo o que há de bom e procurando corrigir o que há de mal,tudo de forma caridosa e fraterna.É preciso buscar inicialmente,uma aproximação amistosa com todos,preparando-se o terreno para as subseqüentes ações de relacionamento e compartilhamento de realidades religiosas.Não se pode imaginar fazer Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso ignorando-se a humanidade das pessoas e tratando-as como se fossem simplesmente “envoltórios religiosos”vestidos em manequins,desprovidos de emoções e condicionamentos humanos!Em cada caso o “cerne”está na pessoa humana,filho de Deus,e não na sua condição religiosa!Qualquer tentativa honesta de aproximação com os nossos irmãos separados terá que visar,em primeiro lugar e principalmente,a pessoa humana de cada um dos irmãos.ë preciso conhecê-los,saber de sua vida familiar,profissional,de suas alegrias e tristezas,de suas esperanças e realizações,de suas dúvidas e certezas.Enfim é preciso concretizar,antes de tudo,a convivência fraterna entre nós!






Reflexão-7

“O Bom Pastor”


Conhecemos,todos nós,as colocações feitas por Cristo alusivas à figura do “bom pastor”que é aquele que cuida de forma especial de suas ovelhas,conhecendo-as,cada uma delas,de forma específica e individual.(Jo 10,11-16).Jesus faz uso da imagem do pastor,característica do seu tempo e do seu ambiente,para mostrar a atenção de Deus para com seus filhos.Ele próprio se identifica com a figura do “bom pastor”por excelência,aquele que dá a sua própria vida pelas suas ovelhas!Jesus ressalta ainda que Ele conhece as suas ovelhas e elas o conhecem como o Pai e Ele se conhecem! Isto posto e conscientes de que Cristo ao retornar ao Pai deixou instituída a sua igreja,para que congregasse suas ovelhas ,sob os cuidados de seus apóstolos e dos seus sucessores:os seus pastores vicários,somos levados a concluir que tais pastores são convocados a seguir,tão fielmente quanto possível,o modelo do “bom pastor”,por excelência,o próprio Cristo!É interessante pensar agora na figura simbólica usada por Cristo,ou seja: o “pastor de ovelhas” para entendermos onde Cristo queria chegar com essa alegoria.O pastor é aquele que está próximo das ovelhas e as conhece individualmente.Usa um cajado que é uma extensão do próprio braço,facilitando o tanger das ovelhas.Tal cajado não será excessivamente longo,o que poderia afastar as ovelhas da proximidade necessária com o pastor;ou dizendo de outra forma: a distância entre o pastor e as ovelhas,no conjunto e de per si, não deverá ser maior que o comprimento do cajado!Não é possível a existência do “tele-pastor”ou seja do pastor à distância e portanto distante da vida de suas ovelhas!É preciso que a ação do pastor tangendo as ovelhas seja sentida por todas e cada uma das ovelhas como toques suaves tangentes ou seja redirecionamentos carinhosos que corrijam rumos sem impactos assustadores.As ovelhas deverão estar confiantes na atuação paternal e misericordiosa do pastor e deverão sentir a sua proximidade e a sua presença constante.Deverão perceber,na pessoa do pastor,o próprio Cristo,no seu meio. Caberá ao pastor,na caminhada do rebanho,observar atentamente cada ovelha,procurando identificar as suas carências e dificuldades ao longo dos caminhos.Precisará muitas vezes dedicar mais atenção a uma ou outra ovelha,mais necessitada,até mesmo com certo detrimento do restante do rebanho que no entanto continuará sob suas vistas.Como se vê Cristo ao usar o modelo do pastor de ovelhas e do bom pastor de ovelhas quis enfatizar o relacionamento dedicado e próximo que deve caracterizar a vida em comunidade religiosa envolvendo dirigentes e dirigidos,hierarquia e leigos,pastores e ovelhas do Seu rebanho!Todos caminhando na igreja de Cristo e aprendendo,dia após dia,as ovelhas a serem ovelhas e os pastores a serem pastores, procurando todos seguir o exemplo de Cristo!






REFLEXÃO-6


Querer com Ele!




O ser humano,assim que atinge certa idade,toma consciência de sua própria existência,percebendo os seus contornos, ou seja, o início,a duração e a finitude de sua vida terrena.A consciência natural disso é um sentimento de ansiedade que decorre da identificação de muitas dúvidas em assunto tão significativo.Especial papel exercem os questionamentos referentes à duração limitada da vida presente, que parece desembocar,de forma assustadora, no episódio da morte.Na dificuldade de se ter maiores informações, pode-se pensar que o que provavelmente mais nos assusta,na morte,seja a sua irreversibilidade,cortando definitivamente a ligação com o lado de cá,quando se vai para o lado de lá. Fosse possível um retorno,ainda que em casos especialíssimos,e desapareceria,provavelmente o pêso assustador da morte.Por outro lado,se imaginarmos a situação fictícia na qual não existisse a morte e nem mesmo a degradação natural das células humanas, de sorte que o ser humano permanecesse sempre jovial e saudável,será que a existência não seria assim até mais difícil e frustrante devido à falta daquela perspectiva de mudança que traz a morte?Com a morte há a possibilidade de imaginar-se uma nova fase da vida n’uma outra realidade,possívelmente mais favorável.Em outras palavras,de certa forma e paradoxalmente,a morte talvez seja uma necessidade para o ser humano!D’outra parte a certeza da morte é tão contundente que se justifica o ditado popular:”O que não tem remédio,remediado está!”e assim configura-se na, realidade da morte, o último e efetivo remédio para todos os males,sem solução,desta existência.Tal remédio,a morte,é bastante “amargo”ao ser humano ,a ponto de ser normalmente aceito quando inevitável,porem nunca desejado, dentro de padrões de normalidade emocional.Ninguem, em sã consciência,deseja a própria morte ou a morte de entes queridos.A primeira delas pelas razões já expostas e a segunda pelo natural egocentrismo que nos impede de aceitar a privação da convivência com aqueles que amamos.Isto é:não choramos por que pensamos no bem de quem se foi!Choramos porque fomos privados da presença e da convivência com alguem que se foi ,mesmo imaginando e até acreditando,que quem se foi ,possa ter ido para uma vida melhor!
Face às dúvidas existenciais,duas posturas são possíveis:a postura indiferentista e a postura religiosa.Na primeira vive-se sem respostas e sem se “apostar”em nenhuma hipótese explicativa.Na segunda,escolhe-se uma hipótese de ligação do homem com a “Transcendência”e origem da criação chamada:Deus e aposta-se ,dia após dia,cada vez mais,nesta opção ,deixando-se motivar,cada vez mais,por ela.Toda a vida presente passa a ser,progressivamente pautada pela vontade de se religar ao Criador.De repente começa-se a perceber que aquilo que se quis,não foi querido unilateralmente por nós,mas que tal desejo foi também criado pelo Criador que quis assim e nos convidou ,sutilmente,a querer com Ele!







segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

REFLEXÃO-5


COMUNIDADE:LOCAL DE CONVERSÃO




Frequentemente ouvimos queixas sobre o comportamento das passoas vivendo em comunidade,de como umas são assim e outras daquele jeito.As vezes observa-se certo dasânimo face as dificuldades que aparecem,invariàvelmente com a convivência das pessoas.É comum até um certo escândalo ao se constatar tais problemas existindo no seio de comunidades religiosas onde se imagina,que por princípio não deveriam existir.Quando paramos para pensar sobre isso,acabamos concluindo que esses problemas,essas dificuldades estão latentes dentro de cada um de nós e que a vida em comunidade nada mais faz que ressaltar a existência das mesmas.Não é a comunidade que cria os problemas mas é a comunidade que cria condições para que as dificuldades apareçam ou venham a tona.O que gera todos os problemas é invariavelmente a existência de sentimentos,de complexos,de inseguranças,de neuroses,que todos temos,em certo grau.Basta pensar que qualquer pessoa morando sozinha n’uma ilha,estando isolado de tudo e de todos,não teria chance de constatar a existência do próprio egoismo, da própria impaciência,do espírito de discriminação e antipatia,da falta de bôa vontade,da falta de caridade,da raiva e do rancor,etc.,etc.Todos esses sentimentos,que não são bons e que estão infelizmente presentes,muitas vezes,na constituição da nossa personalidade,aparecem ou vem à tona,quando nos relacionamos com outras pessoas.Neste ponto a comunidade é um local terapeutico.É como se fosse um espelho especial onde podemos perceber tais problemas,em nós próprios.Por isso é motivo de maior preocupação quando n’uma comunidade,aparentemente não há problemas,pois das duas uma:ou todo mundo é santo,incluindo os responsáveis pela comunidade;ou está todo mundo escondendo as dificuldades,enganando e se enganando.É mais tranquilizador quando problemas estão emergindo e todos aproveitam essas oportunidades para crescer e ajudar os outros a crescerem espiritualmente,procurando exercitar um autêntico amor fraterno.A comunidade portanto é o local propício para a conversão de todos,incluindo os seus dirigentes,seguindo o exemplo de Cristo que se fez servidor humilde de todos!






Reflexão-4


Adoração e Devoção


Todos nós sabemos que sòmente à Deus devemos uma atitude de adoração e que aos Santos ,incluindo também N.Sra.,cabe apenas a devoção ,mas alem desta primeira conscientização existe muito mais coisa a ser considerada.Senão vejamos:
Ao Deus único e verdadeiro que é Pai ,Filho e Espírito Santo somos convidados a adorar, mas afinal o que é “adorar”? Será simplesmente ficar de forma distante e isolada,analtecendo as Suas (de Deus) qualidades,que são criações antropomórficas que fazemos ? Será que adorar a Deus significa viver sem ser impactado pela realidade de Deus ? Não! É claro que não! Adorar a Deus significa deixar se envolver com Ele,ou seja aceitar o convite do próprio Deus para que nos envolvamos com Ele! É aceitar o convite que Deus nos faz para participarmos ativamente da sua ação criadora ,exercendo um papel consciente e interessado ,em fazer (na realidade tentar fazer!) e trabalhar para que se faça a vontade de Deus. Adorar a Deus é reconhece-lo como Pai de amor e de misericórdia.Reconhece-lo como o Filho que dá a sua vida por nós e nos mostra e se constitue no único caminho que leva ao Pai. É reconhece-lo no Espírito Santo que Santifica e nos anima na caminhada por Cristo e em Cristo. Adorar a Deus é buscar,dia a dia ,na conversão sofrida na superação das próprias deficiências e pecados e se esforçar para adquirir um pouquinho da” maneira de ver” de Deus, com relação aos nossos irmãos. Adorar a Deus é exercitar o perdão,sinal e gerador do verdadeiro amor fraterno.Adorar a Deus é valorizar a paciência e a misericórdia. Adorar a Deus é isso e muito mais! É deixar-se modificar pela Graça de Deus ,buscando algo tão difícil de se ter como a humildade!
E a devoção aos Santos o que vem a ser ? Responderemos de imediato que é procurar seguir o exemplo que nos deram os Santos,na sua vida de adoração a Deus! É também pedir a intercessão d’eles junto a Deus,por todos nós.Por outro lado,é importante pensar também o que não é adequado, como devoção aos Santos. Não é bom que nossa devoção aos Santos nos leve a uma prática religiosa passiva,descomprometida com a conversão cristã! Há muitas vezes ,uma tendência de se estabelecer com os Santos um relacionamento unidirecional,em dois instantes de tempo. Dirije-se aos Santos em orações,geralmente para pedir graças,ficando-se passivamente na espera,com a promessa de alcançada a graça, aí então retribuir com o pagamento da promessa,que quase sempre nada implica em tentativa de conversão própria.Não há uma conscientização de que se deva tentar superar as próprias deficiências ,ou seja não se pensa em mudar nada na própria vida ,esperando que o Santo intervenha para resolver simplesmente os problemas que se apresentam. É como se o Santo estivesse alí à disposição,para resolver os problemas maiores ou menores que tivermos na nossa vida. Tal religiosidade,não contribue para que se faça a vontade de Deus e acaba constituindo-se n’uma “carapaça” que faz o isolamento da pessoa impedindo-a de conhecer o verdadeiro Deus.É uma prática portanto, alienante e que com prudência e compreensão precisa ser deslocada para dar espaço a uma religiosidade adequada ,na busca de um cristianismo autêntico.






REFLEXÃO-3

A “possessão” que não pode existir !


Tanto nos tempos passados como na época presente,fala-se muito a respeito das “possessões” demoníacas,explorando-se de todas as formas o assunto,de modo que vai ficando arraigado na mentalidade de muitos.Cria-se um mito assustador que escraviza a uns e aproveita a outros e é importante fazer-se uma reflexão sôbre isso para,à luz da mensagem de Deus apurar o assunto.As Sagradas Escrituras fazem inúmeras menções aos demônios significando nesses casos males diversos,como;enfermidades,aleijões e outras deficiências de ordem física e psicológica. Mostram também as Sagradas Escrituras o demônio como personificaçào da tentação à que Cristo foi alvo e que toda a humanidade tem que enfrentar.Aparecem mesmo, nas Sagradas Escrituras,alegorias como as do livro de Jó,onde parece que Deus dialoga com o diabo,permitindo que este tente,por todos os meios desencaminhar Jó.No livro de Gênesis,a história da criação mostra o anjo do mal,decaído e tentador da humanidade que se inicia.Estas e outras passagens contribuiram para criar um mito sôbre o diabo,que vai se arrastando pelos tempos,escravizando a muitos.Não se pode deixar de considerar que toda a história dos inícios,relatando a criação de tudo por Deus,foi uma tentativa,até um tanto tardia,em relação a outros pontos das Escrituras,no sentido de dar uma explicação cabível,na concepção da época,para a criação de todas as coisas e principalmente do ser humano.Dentro dessa perspectiva,como justificar a maldade humana que se evidenciava,como ainda continua ocorrendo nos dias de hoje? Aparece então,como responsável,por todo o mal,o anjo decaído que passa a ser aquele que está sempre a procura do mal e que se realiza arrastando os seres humanos para a maldade.Não será o caso de abordarmos a questão do mal em sí,neste momento,pois é uma questão tão ampla e complexa que teremos que refletir sôbre isso específicamente, à parte.O que nos interessará,diretamente agora,será indagar: considerando a existência do mal,nas suas diversas formas,e considerando-se a perspectiva da existência de uma
“entidade do mal “,chamada de “diabo “ou “demônio “,conforme referências bíblicas,qual seria a possibilidade de ação dessa entidade,impactando a humanidade ? Seria possível a ocorrência das chamadas “possessões demoníacas “?
É claro que não podemos cair no êrro do “maniqueismo “,considerando a existência de dois princípios: o do bem (Deus) e o do mal (demônio).Não há um deus do mal !Sòmente existe um único e verdadeiro Deus que é um Deus do bem!Consequentemente,existindo uma entidade do mal (demônio),tal entidade estaria também totalmente submetida ao reinado absoluto de Deus e teria o grau de liberdade que Deus lhe permitisse,ao respeitar,por Seu próprio desígnio,a autonomia de decisão das Suas criaturas,sôbre seu caminho de existência.Em outras palavras,Deus respeitaria a decisão da criatura de se encaminhar para o mal,embora Deus sempre desejasse que ela optasse pelo bem ! A partir daí poder-se-ia supor que tal “entidade do mal “procurasse dar vazão crescente, à sua vocação para o mal tentando “enredar “outras criaturas, aliciando-as para o mal,também!Pode-se até mesmo pensar que o demônio então fizesse tudo para desencaminhar os seres humanos,afastando-os de Deus!É preciso ,entretanto,não esquecer que sòmente tem sentido falar-se em “se encaminhar para o mal”quando isso representar uma opção livre e uma decisão consciente da própria pessoa humana.Não teria nenhum sentido falar-se em “encaminhamento compulsório para o mal “,pois o simples fato da ação ter sido compulsória e portanto “não livre”desobrigaria,totalmente,de qualquer responsabilidade a criatura assim tratada.Em outras palavras:a essência da maldade exige consciência perfeita do sentido de mal, a ela inerente,e uma consciente eceitação e concordância com tudo. Assim ninguem pode ser obrigado a ser mau,da mesma forma que não pode ser obrigado a ser bom!Ser mau ou ser bom são condições do ser humano ,fundamentalmente dependentes de sua liberdade,do seu “livre arbítrio “.Ora assim sendo,que ganharia o demônio se ele se apossasse de alguem? Nada mais conseguiria que isentar essa pessoa de qualquer reaponsabilidade,com relação a qualquer ação má que praticasse!Em termos de ação demoníaca seria um autêntico fiasco!Um fracasso demoníaco total.Uma ação completamente inócua,para a criatura humana envolvida.A pessoa que fosse possuida, pelo demônio,seria uma vítima dessa entidade maligna e com certeza seria alvo de especial atenção e amor de Deus,que é Pai de todos nós!É mais que claro que a ação do demônio,como registram,em vários pontos,as Sagradas Escrituras,seria no sentido de sorrateiramente,atrair o ser humano para o mal,através das tentações.Seria sempre uma ação de convencer o ser humano a ir para o mal e nunca de vencer o ser humano obrigando-o a fazer o que não quer!Como já se disse, sòmente com a ação livre e consciente,é que pode existir o mal! Parece claro portanto que a possessão demoníaca,mesmo que o demônio tivesse poder para faze-la,não seria do seu interêsse,porque não levaria ao seu objetivo que é: exercitar e incrementar o mal!Por outro lado as Escrituras nos dizem que Jesus venceu,definitivamente,o poder do mal,desativando-o,(Hb 2,14-15),destruindo assim o poder do malígno! Que devemos entender com isso ? As Sagradas Escrituras nos dizem,em seguida,em Hb 2,18 “Pois tendo ele mesmo sofrido pela tentação,é capaz de socorrer os que são tentados”.Portanto Cristo tendo vencido o demônio,libertou-nos de uma vez por todas da escravidão do pecado e coloca-se solidário conosco,à nossa disposição,para nos sustentar na nossa luta pessoal contra o mal,garantindo-nos,de antemão o sucesso dessa empreitada,se caminharmos com Ele. Ao colocarmos nossa esperança ,incondicionalmente em Deus,através de Cristo,qualquer insídia do malígno fica totalmente destruida!
O que dizer então de tantos casos nos quais se diz que alí houve uma possessão demoníaca? Na verdade nada disso ocorreu,mas devido ao mau entendimento das pessoas,influenciadas pelas superstições e mitos diversos,aliados à má interpretação das Sagradas Escrituras , muitas vezes acabam elas acreditando nessa hipótese e psicológicamente influenciadas começam a “ver”o que imaginam ,alimentando por sua vez o mito .Em outras palavras,creem tanto que aquilo possa ocorrer que acham que está mesmo ocorrendo !Na verdade os casos supostos de possessão são ,em geral ,casos de desequilíbrios psicológicos ou parapsicológicos.
O paradoxal é que muitas vezes ,para resolver a situação é preciso entrar-se no referencial de desequilíbrio do pretenso possesso ,para que se possa livra-lo daquela situação de desequilíbrio! Explicando melhor: Alguem aje como se fosse expulsar o demônio ,em nome de Cristo (“exorcismo”) e a pessoa que crê estar possuida ,pelo demônio ,acredita então que realmente o demônio foi expulso .pelo exorcismo.É bom lembrar que muitas vezes o exorcista crê também no processo de exorcismo e julga portanto que expulsou o demônio através de sua atuação !(É como o galo da fábula que pensando que o Sol nasce porque ele canta , segue todos os dias, extremamente preocupado e cuidadoso ,cantando para que o Sol nasça !)Na verdade,como se disse ,tenta-se expulsar o que não existe (mas que se crê existir!) e aquele que se julgava possuido passa a crer que foi libertado da possessão . Provávelmente essa é a realidade vivenciada ,quotidianamente ,nas diversas comunidades religiosas Pentecostais ,que praticam o dito exorcismo e mesmo nas ocorrências havidas nas demais igrejas incluindo-se a Católica ! No final das contas somos levados a concordar que talvez não se possa resolver tal problema ,de uma pessoa que crê, profundamente,estar tomada de uma possessão demoníaca ,a não ser praticando-se um exorcismo ,entre aspas! O referencial supersticioso para aquela pessoa será tão significativo e terá tanto pêso ,que ela jamais aceitaria não passar tudo de uma superstição sua,e que tudo aquilo que ela sente, incomodando-a ,é fruto de sua própria imaginação dentro do quadro de descontrôle psicológico que ela apresenta! Por outro lado essa pessoa estará sempre receptiva e aberta a uma experiência de pseudo-exorcismo que para ela terá toda a veracidade que a sua mente imagina e crê ! Alem desse aspecto ,vale salientar um outro, de muita importância ,que se observa na vida das Igrejas que fazem uso dessa prática de exorcismos. Pessoas que vinham levando uma vida completamente desregrada e marginal ,na criminalidade ,na prostituição, nas drogas ,etc.,são informadas e acreditam que o seu procedimento irregular se devia à ação de demônios que a dominavam e que foram expulsos e que portanto ,a partir de agora ,aquela pessoa pode ser e será outra pessoa ,não tendo mais aqueles vícios! Parece-me que isso de fato funciona ,como se a personalidade da pessoa que assim crê fosse “zerada”e dalí para a frente se iniciasse uma nova vida! Imagino que esta seja a explicação para o grande sucesso que tais práticas conseguem, na recuperação de pessoas social e pessoalmente tão decaídas. Sem dúvida é uma problemática que precisa ser melhor estudada !




REFLEXÃO-2

“De boas intenções o inferno não está cheio !”


Qualquer um ,de nós, já ouviu,com certeza o ditado:”de boas intenções o inferno está cheio!”,No entanto ,se considerarmos com mais atenção o caso,verificaremos que não é bem assim ou melhor não é nada assim.Tal ditado se originou da interpretação de referências existentes nas Sagradas Escrituras sobre o “fazer a vontade de Deus”e ainda sobre a necessidade das “boas obras”em nossa vida,ambas as coisas vistas como fundamentais à nossa salvação .Por exemplo citemos :Mt 16,24 “Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai,com os seus anjos,e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento ou de acordo com suas obras”.Também:”Tg 2,14“Meus irmãos se alguém disser que tem fé,mas não tem obras,que lhe aproveitará isso?Acaso a fé poderá salva-lo?”E ainda: Tg 2,17 Ässim também a fé se não tiver obras está morta em seu isolamento.” Ou Lc 6,16 “Por que me chamais Senhor! Senhor! mas não fazeis o que eu digo?”E Mt 7,21 “Nem todo aquele que me diz Senhor! Senhor! entrará no Reino dos Céus,mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus. Como se vê são alusões claras à necessidade de uma vivência de acordo com a vontade de Deus.É o que se chama de “prática”da vontade de Deus ou “execução de obras” de acordo com a vontade de Deus.Fazendo-se uma análise superficial da questão ,para-se por aí ,concluindo-se que Deus irá computar os resultados práticos da vida de cada um de nós analisando esses resultados ,tomando-se como referencial a Sua (de Deus) própria vontade. Em outras palavras seria imaginar que Deus vá apurar quantitativamente a santidade de cada pessoa ,que seria representada pela intensidade com que cada um fez a Sua (de Deus) vontade. Por outro lado ,se analisarmos mais profundamente o assunto ,perceberemos que a questão requer uma visão muito mais ampla ,envolvendo aspectos fundamentais da natureza humana que levam à total impossibilidade prática de se concretizar ,completamente, a vontade de Deus. As limitações inerentes à natureza humana impedem que o homem consiga atingir o ideal da vida de acordo com a vontade de Deus e portanto de santidade efetiva. Diria São Paulo:”Com efeito não faço o bem que eu quero ,mas pratico o mal que não quero !”(Rm 7,14),e ainda: “Ora ,se eu faço o q ue não quero ,já não sou eu que estou agindo e sim o pecado que habita em mim!”(Rm 7,20). Sendo assim ,como entender então as citações das Sagradas Escrituras sobre a colocação em prática ,da vontade de Deus? Parece que nos deparamos com uma situação impossível de atendimento , por nós seres humanos! A realidade porem é bem outra como se pode ver quando se percebe que estávamos interpretando as citações bíblicas considerando Deus agindo como nós humanos ou seja de acordo com a nossa lógica ! É preciso perceber que a lógica de Deus é outra ! Na lógica humana o que conta ,em geral, é o resultado concreto obtido sendo que a intenção pouco ou nada vale ! Imagine-se que alguem ,perante a sociedade ,tente se justificar,dizendo que teve uma boa intenção ou que fez um grande esforço para executar o que dele se esperava ,embora isso não tenha sido concretizado! Quando muito tal alegação poderia ser vista como um atenuante da falta,mas jamais como atendimento da obrigação! Caso Deus agisse assim com a humanidade ,quem se salvaria? Ninguem ! Pois ninguem conseguiria atingir, nem mesmo um padrão mínimo ,da vontade de Deus! Temos que acreditar então que Deus tem outra lógica a esse respeito.Uma lógica diferente da nossa ,que baseando-se totalmente no amor ,na misericórdia e no perdão ,valoriza a intenção ,o esforço,o empenho de cada um de nós ,em fazer a vontade de d’Ele! Os resultados práticos que vamos conseguir realizar ,Deus sabe que serão sempre insignificantes,relativamente ao ideal representado pela Sua vontade! Quando as Sagradas Escrituras falam da prática da “ vontade de Deus”,estão falando na verdade da necessidade de nos esforçarmos , o máximo e com a máxima sinceridade possível ,tentando concretizar a vontade de Deus ,mesmo sabendo que nossas limitações pessoais não nos permitirão conseguir grande coisa! O que a palavra de Deus então quer determinar é que não se pode admitir que conscientemente tomemos conhecimento da vontade de Deus e pouco ou mesmo nenhum esforço façamos no sentido de tentar fazer a vontade de Deus!Assim pode-se dizer ,com certeza,que não há no inferno ninguem que tenha se empenhado efetivamente em fazer a vontade de Deus,embora tendo pouco conseguido, de realizações concretas.Não podemos querer que Deus aja segundo nossos parâmetros mas devemos prazeirosamente perceber que felizmente ,para todos nós a lógica d’Ele é outra! Cremos que é isso que Jesus nos mostra na sua parábola dos trabalhadores que são contratados para a vinha.(Mt 20,1-16).





REFLEXÃO—1
É PRECISO SER “CRISTÃO MONOTEISTA”
Dizer que alguém è ou deve ser Cristão Monoteísta parece ser uma afirmação redundante,já que não se imagina a possibilidade de coexistência do Cristianismo com o politeísmo! Isto no entanto,muitas vezes,acaba acontecendo,pois descobre-se no entendimento humano a coexistência,contraditória e paradoxal,de uma fé cristã com um latente politeísmo que fica subjacente à figura proeminente do Cristianismo. Em outras palavras aparece em primeiro plano o Cristianismo e num segundo plano,um pouco “fora de foco”a crença num Deus Pai diferente e até contraditório com Jesus Cristo. Talvez nunca se apercebam,muitos cristãos,que abrigam em seu intelecto tal incoerência,convivendo a vida toda com a mesma. È preciso clarificar,neste momento,a questão,explicando-a melhor: qual ou quê politeísmo estaria subjacente ao Cristianismo que professamos? Naturalmente não seria aquele politeísmo básico de se aceitar a existência de mais de um deus. Será sim uma forma muito mais sutil de politeísmo que è o de se imaginar realidades diferentes e até contraditórias para o único Deus,de modo que na nossa mente, è como se existissem vários deuses. Sabemos que Deus è único e constituído de três pessoas e embora não possamos alcançar a essência desse mistério,podemos,através de nossa razão,ainda que limitada,concluir que as pessoas de Deus (Pai,Filho e Espírito Santo),cada uma de “per si,”
não poderiam ter uma atuação que fosse contraditória com as demais pessoas. Assim, se Deus è amor,as três pessoas serão amor. Como Deus è misericordioso as três pessoas serão misericordiosas. Não se poderia imaginar Cristo misericordioso e perdoador e ao mesmo tempo imaginar que Deus Pai seja castigador e impiedoso! Apesar disso,muitas vezes,aceitamos e alimentamos concepções de Deus que se constituem claramente no que estamos chamando de “politeísmo cristão” ou “cristianismo politeista”,expressões irônicas que traduziriam o fato de talvez inconscientemente, nós imaginarmos para Deus naturezas completamente diferentes e até antagônicas relativamente às pessoas divinas. Para demonstrar a existência dessa questão basta tomar como referência as Sagradas Escrituras,ali observando que nos è apresentada uma imagem de Deus,no Antigo Testamento,como um Deus severo e castigador,que não deixa culpas sem castigo,que não hesita em destruir seres humanos que o desobedecem. Já no Novo Testamento se nos apresenta a imagem de Deus ,que se mostra em Jesus Cristo,como um Deus de amor e de misericórdia,sobretudo. Em decorrência dessa aparente contradição convivemos com duas imagens de Deus,como se fosse possível que Deus fosse ora de um jeito,ora de outro. Alem do entendimento absurdo que assim se tem de Deus(o que chamamos de uma forma de politeísmo já que se acaba aceitando como que dois deuses contidos na figura de Deus),freqüentemente isso leva a uma desorientação pessoal pela impossibilidade de se conciliar idéias de Deus,contraditórias entre si e contraditórias com os atributos de perfeição que antropomorficamente se atribuem à Deus! Como aceitar um Deus que não perdoa e que discrimina pessoas e povos? Por outro lado,Deus teria mudado ao longo da història da humanidade ,tornando-se o Deus mostrado em Jesus Cristo?Desse modo sendo único Deus ter-se-ia alterado?Ou Deus não seria único? A especulação nos leva ao absurdo dessas hipóteses e somos convidados a fazer uso da razão humana,colocada a serviço de Deus,para humildemente suplicarmos a graça d’Ele,não para compreendermos a Sua realidade,mas para que não fiquemos reféns das contradições que nós próprios criamos pelas nossas limitações. Com a ajuda de Deus procuremos identificar onde està falhando o nosso entendimento,uma vez que Deus,por princìpio,somente pode ser único(mais de um deus seria a prova natural da inexistência de Deus,já que Deus para ser Deus tem que ser exclusivo. Em outras palavras um deus que coexistisse com outro/s seria inexoravelmente ,então ,impactado e restricionado pela existência desse/s outro/s,descaracterizando-se como Deus.) Logo Deus è único! Sendo Deus único Ele também è o mesmo em qualquer tempo e situação,pois do contràrio seria mutável e não poderia ser Deus. Isso se evidencia ao imaginarmos que Deus mudando-se teria realidades diferentes,em situações diversas,descaracterizando-se também como Deus. Para ser perfeito Deus tem que ser imutável,pois o simples fato de passar a ser diferente do que era implicaria em uma imperfeição passada ou futura,decorrente ou causa da mudança. Portanto Deus è único e de mesma natureza sempre! Mas se Deus è único e de mesma natureza sempre,onde està o engano quando observamos imagens de Deus diferentes,no Antigo e no Novo Testamentos? Com certeza uma das duas imagens està errada! Sem dùvida a imagem de Deus mostrada em e por Jesus Cristo não pode ser a errada (em conseqüência de entendimento errado de nossa observação humana). Não pode estar distorcida pela nossa apreensão,já que essa imagem não è uma representação do hagiógrafo,atribuindo à Deus fatos da història(como ocorre com freqüência no Antigo Testamento,sem que Deus tivesse tido participação visível nesses fatos). A imagem de Deus mostrada em Jesus Cristo è uma realidade vivida humanamente por Cristo,conforme relato das Sagradas Escrituras. Cristo è Deus conosco! È Deus vivendo conosco!(Quem me vê,vê o Pai,diz o próprio Cristo-Jo 14,9). È o próprio Deus que se mostra de forma visível,real e sensível através da humanidade de Jesus. Podemos dizer que no Novo Testamento,vemos efetivamente o interior de Deus,o Seu coração,quando tomamos conhecimento da vida de Jesus,ali relatada. A personalidade de Jesus,tão claramente mostrada no Novo Testamento,nos permite e nos exige fazer a releitura do Antigo Testamento corrigindo as distorções provocadas pela nossa própria insuficiência. Sabendo que Deus è único e imutável e que Ele è como se mostrou em Jesus Cristo,percebemos que o engano na identificação da realidade de Deus,no Antigo Testamento,decorre da interpretação fundamentalista que muitas vezes se faz das Sagradas Escrituras. Imagina-se muitas vezes,que tudo lá escrito deva corresponder exatamente à verdade dos fatos històricos ocorridos.Imagina-se também que Deus seja o que se diz que Ele è! È preciso compreender que as Sagradas Escrituras mostram a iniciativa de Deus que se utiliza do entendimento,ainda que precário,do próprio ser humano para através da història da humanidade levar os homens a ir progressivamente encontrando a Ele(Deus),até que finalmente O identifiquem em Jesus Cristo! Poderíamos então dizer que as Sagradas Escrituras mostram a evolução da imagem de Deus,vista pelos homens! Deus è imutável,porem a Sua imagem para nós é mutável,na medida em que somos mudados pela graça de Deus,crescendo a nossa fé n’Ele.(Deus falou diversas vezes e de modos diversos,através dos profetas e agora nestes dias que são os últimos,nos falou pelo Seu Próprio Filho:Jesus Cristo—Hb1,1). Assim podemos,com certeza,dizer que Deus não fez e nunca faria as coisas terríveis que a pequenez humana a Ele atribuiu no Antigo Testamento. Trata-se daquilo que se chama :antropomorfismo ou seja: atribuir-se a Deus condições e características humanas. Como a humanidade ,muitas vezes,está equivocada, na eleição dos seus próprios valores,pode cometer erros graves,de acôrdo com a cultura vigente e tem a tendência de imaginar que Deus possa agir de forma semelhante. Por exemplo,considerando-se que seja correto e normal fazer discriminações de pessoas e povos,imagina-se que Deus também aja assim. Imaginando-se que seja justificável a prática de guerras,pode-se pensar que Deus também esteja de acôrdo com isso. Imaginando-se que certas atitudes tem que ser castigadas com a morte,pode-se pensar que Deus assim o faça . Deus na sua bondade infinita,fazendo uso da sua misericórdia e da sua paciência também infinitas,esperaria o tempo que fosse necessário para que cada pessoa em particular e a humanidade como um todo,percebesse que Ele jamais agiria de forma contraditória com sua própria natureza,que se caracteriza pelo amor e pela misericórdia infinitos, de um Pai que é Deus,para com os homens ,seus filhos amados!É por isso que se diz que é preciso ser um cristão monoteísta ou seja um cristão que acredite que realmente há um só Deus que tem três pessoas,mas que tem uma única e mesma natureza divina,que é aquela mostrada por e em Jesus Cristo. Qualquer imagem de Deus que não seja perfeitamente concordante com a personalidade de Jesus deve ser descartada,como falsa,esteja ela onde estiver,ainda que nas Sagradas Escrituras. As Sagradas Escrituras mostram a caminhada da humanidade que vai,pela ação de Deus,descobrindo-O progressivamente,até encontra-LO ,finalmente, em Jesus Cristo. Esta caminhada é cheia de altos e baixos e se repete para cada um de nós. Somente na medida em que procuramos ser melhores,como pessoas humanas,é que conseguimos então imaginar,um pouquinho que seja a perfeição de Deus!Tudo isso pode acontecer conosco pela graça da bondade de Deus,que muitas vezes nem percebemos. Em resumo,somente o homem que fosse verdadeiramente bom conseguiria imaginar Deus como Ele realmente é! Por isso nossa imagem de Deus estaria sempre infinitamente aquém da realidade,não fosse a existência de Cristo no nosso meio,pois somente Ele(Cristo) é homem verdadeiramente bom e que portanto possibilita o antropomorfismo correto para com Deus. Olhando e vendo o homem Jesus Cristo,vemos claramente como Deus é!



domingo, 14 de dezembro de 2008

REFLEXÃO – Prova da existência de Deus


O simples fato de se pensar em uma prova da existência de Deus é sinal de que a existência de Deus é objeto de dúvida para quem , ansiosamente , faz tal questionamento .Geralmente pensamos em “prova de existência “para tudo aquilo que transcende aos nossos sentidos e que por isso não nos parece evidente. Ninguém pensaria em uma prova para a existência de coisas concretas que aferimos pelos nossos sentidos.Por exemplo,ouvimos o barulho,vemos o aspecto,sentimos o cheiro,tocamos a constituição e sentimos o gosto da pipoca e assim não temos dúvida da sua existência. Pode ser que um, dos sentidos,em alguns casos,fique prejudicado,por exemplo:quando seguramos uma maçã,nós a tocamos ,sentimos o seu cheiro,vemos o seu aspecto e sentimos o seu gosto,porem não ouvimos nenhum ruído proveniente da maçã .Apesar do sentido da audição,ficar neste caso, sem resposta,nós não duvidamos da existência da maçã,porque os demais sentidos nos dão um razoável grau de certeza da sua existência.Quando pegamos um pedaço de vidro,nós o sentimos pelo tato e o vemos porem não sentimos nenhum cheiro,nem ouvimos nenhum ruído e tampouco poderíamos sentir seu gosto.Ainda nesse caso, não há dúvidas, quanto à existência do vidro,porque os dois sentidos:tato e visão nos deram razoável certeza.Imaginemos agora que esse vidro esteja em uma janela e que esteja perfeitamente limpo e transparente de modo que não possa-mos enxerga-lo.Poderemos ainda constatar a sua existência tocando-o. Como nesse caso o único sentido que continua a nos dar a informação da existência do vidro é o tato,há o risco de se sofrer um, acidente, indo-se bater no vidro, por não o perceber.Tal perigo decorre do fato de que o tato,que é o único sentido atuante,no caso,somente funciona ao entrar-se em contato com o obstáculo,quando já será tarde demais para evitar a colisão.
(Ao contrário: a visão,a audição e o olfato funcionam à distancia)
O que pensar agora quando estivermos expostos a uma situação onde nenhum dos nossos cinco sentidos funcione?Por exemplo quando respiramos um ar puro .Como sabemos que ele existe?Todos nós aceitamos que o ar existe porque acreditamos nas informações científicas que nos são apresentadas,informando-nos da existência do ar.Em outras palavras precisamos de referências científicas,porque nossa racionalidade está acostumada a confiar nas ciências como dignas de crédito e assim aceitamos até mesmo as afirmações que não podemos compreender desde que venham de fonte científica confiável.É também o que acontece quando somos informados,por exemplo,da existência das pirâmides do Egito.Apesar de nunca ter estado lá, acreditamos na sua existência porque consideramos confiáveis as fontes que informam:livros,jornais,rádios,tvs,filmes,alem das escolas e de eventuais testemunhos pessoais.Intuitivamente achamos que não haveria a possibilidade,da falsidade da informação com cumplicidade de tantas fontes independentes.Por isso, confiamos,apesar de não contarmos com a confirmação dos nossos sentidos.
Imaginemos agora o que acontece quando se analisa a questão da “existência de Deus”!
Nossos sentidos em nada nos poderão ajudar e em conseqüência teremos a tendência de rejeitar a aceitação da existência de Deus,a menos que algo nos convença,com credibilidade sobre isso.Como mencionamos anteriormente,aceita-se,por exemplo,a existência das pirâmides do Egito, sem se ter ido até lá para conferir,porque aceitamos como confiáveis as informações recebidas das várias fontes e principalmente pela coerência entre elas.Provavelmente seja a coerência,entre as várias fontes,o motivo que nos satisfaz a razão.Mas não podemos deixar de considerar um outro ponto,também muito importante,nesta questão tomada como exemplo,que é o fato de sabermos que não há nenhum impedimento absoluto de apurar “in loco “a existência das pirâmides,bastando para isso que se vá até lá .Ë como se pensássemos: as pirâmides devem existir mesmo pois do contrário alguém já teria denunciado a fraude. Já no caso da existência de Deus,sentimos uma dificuldade muito maior porque ,a primeira vista ,não há como fazer nenhuma verificação! A própria idéia de Deus é algo completamente incompatível com os padrões de nossa racionalidade!Tal idéia ,por outro lado existe ,paradoxalmente,em nossa mente,ou seja imaginamos existir esse ser do qual não conseguimos compreender a existência e ansiamos por obter disso alguma comprovação .Por que agimos assim ?Provavelmente porque as dúvidas existenciais nos levam a concluir que tem que haver uma” causa primeira” para toda a criação,causa esta que forçosamente ,tem que ser externa,transcendente à realidade criada !Tal “causa primeira” é o que chamamos de Deus! Fato seguinte nos sentimos atraídos a buscar a prova (demonstração racional )de que aquele ser que imaginamos ,de fato existe!Mas há uma incoerência,intrinsica no fato de agirmos assim,pois a imagem de Deus que fizemos foi exatamente para ocupar o lugar de “causa primeira “ de tudo o que existe e que não conseguimos explicar!
Logo a figura de Deus que imaginamos ,tão pouco poderá ser explicada racionalmente.!
A nossa intelectualidade é completamente insuficiente não só para explicar tudo o que existe ,como também é insuficiente para sequer imaginar uma hipótese racional para tal existência! Isso pode ser evidenciado pela seguinte argumentação :
--existimos e vivemos no planeta Terra
--planeta este que está no sistema Solar
--e o sistema Solar faz parte da galáxia :Via Láctea
--e a galáxia Via Láctea,onde está?ou de outra forma: o quê existe alem da Via Láctea ?
--duas hipóteses se apresentam: -ou não existe nada , -ou então existe alguma coisa
--se não existe nada ,isso já se constitui em uma irracionalidade .
--se existe alguma coisa ,segue-se imediatamente a mesma questão : e depois?o quê há?
--e assim, indefinidamente!
--conclusão : não há uma saída racional! ou dizendo de outra forma,nossa capacidade intelectual é insuficiente para sequer imaginar uma explicação racional para o universo no qual vivemos!
(É importante salientar que o nosso problema não é de desconhecimento mas de incapacidade de entendimento!)
Como conseqüência,temos que imaginar que a explicação de tudo o que existe transcende à realidade dessa existência que também é a nossa .Tal “causa primeira “ que desconhecemos e que sequer podemos imaginar como seja,chamamos : Deus! Mas por que chamamos essa “causa primeira “ de Deus ?E o que significa Deus? Ora, Deus ,para o ser humano, é a entidade transcendente à sua realidade,da qual ele desconhece a natureza e as características,mas imagina que seja responsável pela existência de tudo o que existe.
Assim usamos nossa intelectualidade para concluir a sua própria limitação!Para dar uma“explicação” para o que não conseguimos explicar,imaginamos a entidade Deus! Até aquiestamos no terreno da razão humana e é pela própria razão que encontramos os seus limi-tes,percebendo então,que tem que existir algo transcendente a ela!Não aceitar que exista algo transcendente à nossa capacidade intelectual (razão) seria uma demonstração concreta da incapacidade de fazer bom uso da própria razão que possuímos.Em outras palavras,tal negação nada mais seria que um erro de pensamento!
Racionalmente pudemos chegar até este ponto mas não podemos ,racionalmente,ir a diante!
Racionalmente não podemos saber como Deus é! Qual a sua realidade.Enfim não podemos conhecer nada de Deus,por nossos próprios esforços! Fim de linha para a racionalidade!
Neste ponto inicia-se o terreno da fé,onde a razão humana não tem ação . A partir daquí segue quem concordar em tirar as rédeas de sua vida das mãos de sua razão deixando-as disposição de Deus. É como se devolvêssemos ao Criador a autonomia de nossa vida,quenos foi dada por Ele na nossa criação,quando nos deu o “livre arbítrio”. Evidentemente aquele que não quiser abrir mão da supremacia da própria razão, não terá como ir em frente!
Em resumo, podemos dizer que a constatação da insuficiência de nossa razão nos leva concluir que as explicações ,de tudo o que não conseguimos explicar ,deverão estar fora da realidade acessível,racionalmente,à humanidade.Tais explicações estarão em uma outra realidade que chamamos : Deus !
Qualquer pessoa pode não acreditar em determinada divindade que lhe for proposta,porem não poderá negar a existência de alguma transcendência à humanidade! Tal posição revelaria a falta de bom raciocínio!
Entendemos que assim se demonstra a insuficiência da razão humana,para explicar a realidade concreta em que vivemos! Somos “obrigados”a aceitar portanto que a explicação é transcendente à essa nossa realidade.Assim vemos desmoronar a muralha da nossa razão,
que nos prendia,nos confinando na nossa pretensa auto-suficiência.Libertos então de nós mesmos,nos tornamos abertos à transcendência.Nosso coração então se abre podendo agora aceitar,se quiser,a experiência do divino!Deus pode então nos sensibilizar com suas propostas!