REFLEXÃO – Prova da existência de Deus
O simples fato de se pensar em uma prova da existência de Deus é sinal de que a existência de Deus é objeto de dúvida para quem , ansiosamente , faz tal questionamento .Geralmente pensamos em “prova de existência “para tudo aquilo que transcende aos nossos sentidos e que por isso não nos parece evidente. Ninguém pensaria em uma prova para a existência de coisas concretas que aferimos pelos nossos sentidos.Por exemplo,ouvimos o barulho,vemos o aspecto,sentimos o cheiro,tocamos a constituição e sentimos o gosto da pipoca e assim não temos dúvida da sua existência. Pode ser que um, dos sentidos,em alguns casos,fique prejudicado,por exemplo:quando seguramos uma maçã,nós a tocamos ,sentimos o seu cheiro,vemos o seu aspecto e sentimos o seu gosto,porem não ouvimos nenhum ruído proveniente da maçã .Apesar do sentido da audição,ficar neste caso, sem resposta,nós não duvidamos da existência da maçã,porque os demais sentidos nos dão um razoável grau de certeza da sua existência.Quando pegamos um pedaço de vidro,nós o sentimos pelo tato e o vemos porem não sentimos nenhum cheiro,nem ouvimos nenhum ruído e tampouco poderíamos sentir seu gosto.Ainda nesse caso, não há dúvidas, quanto à existência do vidro,porque os dois sentidos:tato e visão nos deram razoável certeza.Imaginemos agora que esse vidro esteja em uma janela e que esteja perfeitamente limpo e transparente de modo que não possa-mos enxerga-lo.Poderemos ainda constatar a sua existência tocando-o. Como nesse caso o único sentido que continua a nos dar a informação da existência do vidro é o tato,há o risco de se sofrer um, acidente, indo-se bater no vidro, por não o perceber.Tal perigo decorre do fato de que o tato,que é o único sentido atuante,no caso,somente funciona ao entrar-se em contato com o obstáculo,quando já será tarde demais para evitar a colisão.
(Ao contrário: a visão,a audição e o olfato funcionam à distancia)
O que pensar agora quando estivermos expostos a uma situação onde nenhum dos nossos cinco sentidos funcione?Por exemplo quando respiramos um ar puro .Como sabemos que ele existe?Todos nós aceitamos que o ar existe porque acreditamos nas informações científicas que nos são apresentadas,informando-nos da existência do ar.Em outras palavras precisamos de referências científicas,porque nossa racionalidade está acostumada a confiar nas ciências como dignas de crédito e assim aceitamos até mesmo as afirmações que não podemos compreender desde que venham de fonte científica confiável.É também o que acontece quando somos informados,por exemplo,da existência das pirâmides do Egito.Apesar de nunca ter estado lá, acreditamos na sua existência porque consideramos confiáveis as fontes que informam:livros,jornais,rádios,tvs,filmes,alem das escolas e de eventuais testemunhos pessoais.Intuitivamente achamos que não haveria a possibilidade,da falsidade da informação com cumplicidade de tantas fontes independentes.Por isso, confiamos,apesar de não contarmos com a confirmação dos nossos sentidos.
Imaginemos agora o que acontece quando se analisa a questão da “existência de Deus”!
Nossos sentidos em nada nos poderão ajudar e em conseqüência teremos a tendência de rejeitar a aceitação da existência de Deus,a menos que algo nos convença,com credibilidade sobre isso.Como mencionamos anteriormente,aceita-se,por exemplo,a existência das pirâmides do Egito, sem se ter ido até lá para conferir,porque aceitamos como confiáveis as informações recebidas das várias fontes e principalmente pela coerência entre elas.Provavelmente seja a coerência,entre as várias fontes,o motivo que nos satisfaz a razão.Mas não podemos deixar de considerar um outro ponto,também muito importante,nesta questão tomada como exemplo,que é o fato de sabermos que não há nenhum impedimento absoluto de apurar “in loco “a existência das pirâmides,bastando para isso que se vá até lá .Ë como se pensássemos: as pirâmides devem existir mesmo pois do contrário alguém já teria denunciado a fraude. Já no caso da existência de Deus,sentimos uma dificuldade muito maior porque ,a primeira vista ,não há como fazer nenhuma verificação! A própria idéia de Deus é algo completamente incompatível com os padrões de nossa racionalidade!Tal idéia ,por outro lado existe ,paradoxalmente,em nossa mente,ou seja imaginamos existir esse ser do qual não conseguimos compreender a existência e ansiamos por obter disso alguma comprovação .Por que agimos assim ?Provavelmente porque as dúvidas existenciais nos levam a concluir que tem que haver uma” causa primeira” para toda a criação,causa esta que forçosamente ,tem que ser externa,transcendente à realidade criada !Tal “causa primeira” é o que chamamos de Deus! Fato seguinte nos sentimos atraídos a buscar a prova (demonstração racional )de que aquele ser que imaginamos ,de fato existe!Mas há uma incoerência,intrinsica no fato de agirmos assim,pois a imagem de Deus que fizemos foi exatamente para ocupar o lugar de “causa primeira “ de tudo o que existe e que não conseguimos explicar!
Logo a figura de Deus que imaginamos ,tão pouco poderá ser explicada racionalmente.!
A nossa intelectualidade é completamente insuficiente não só para explicar tudo o que existe ,como também é insuficiente para sequer imaginar uma hipótese racional para tal existência! Isso pode ser evidenciado pela seguinte argumentação :
--existimos e vivemos no planeta Terra
--planeta este que está no sistema Solar
--e o sistema Solar faz parte da galáxia :Via Láctea
--e a galáxia Via Láctea,onde está?ou de outra forma: o quê existe alem da Via Láctea ?
--duas hipóteses se apresentam: -ou não existe nada , -ou então existe alguma coisa
--se não existe nada ,isso já se constitui em uma irracionalidade .
--se existe alguma coisa ,segue-se imediatamente a mesma questão : e depois?o quê há?
--e assim, indefinidamente!
--conclusão : não há uma saída racional! ou dizendo de outra forma,nossa capacidade intelectual é insuficiente para sequer imaginar uma explicação racional para o universo no qual vivemos!
(É importante salientar que o nosso problema não é de desconhecimento mas de incapacidade de entendimento!)
Como conseqüência,temos que imaginar que a explicação de tudo o que existe transcende à realidade dessa existência que também é a nossa .Tal “causa primeira “ que desconhecemos e que sequer podemos imaginar como seja,chamamos : Deus! Mas por que chamamos essa “causa primeira “ de Deus ?E o que significa Deus? Ora, Deus ,para o ser humano, é a entidade transcendente à sua realidade,da qual ele desconhece a natureza e as características,mas imagina que seja responsável pela existência de tudo o que existe.
Assim usamos nossa intelectualidade para concluir a sua própria limitação!Para dar uma“explicação” para o que não conseguimos explicar,imaginamos a entidade Deus! Até aquiestamos no terreno da razão humana e é pela própria razão que encontramos os seus limi-tes,percebendo então,que tem que existir algo transcendente a ela!Não aceitar que exista algo transcendente à nossa capacidade intelectual (razão) seria uma demonstração concreta da incapacidade de fazer bom uso da própria razão que possuímos.Em outras palavras,tal negação nada mais seria que um erro de pensamento!
Racionalmente pudemos chegar até este ponto mas não podemos ,racionalmente,ir a diante!
Racionalmente não podemos saber como Deus é! Qual a sua realidade.Enfim não podemos conhecer nada de Deus,por nossos próprios esforços! Fim de linha para a racionalidade!
Neste ponto inicia-se o terreno da fé,onde a razão humana não tem ação . A partir daquí segue quem concordar em tirar as rédeas de sua vida das mãos de sua razão deixando-as disposição de Deus. É como se devolvêssemos ao Criador a autonomia de nossa vida,quenos foi dada por Ele na nossa criação,quando nos deu o “livre arbítrio”. Evidentemente aquele que não quiser abrir mão da supremacia da própria razão, não terá como ir em frente!
Em resumo, podemos dizer que a constatação da insuficiência de nossa razão nos leva concluir que as explicações ,de tudo o que não conseguimos explicar ,deverão estar fora da realidade acessível,racionalmente,à humanidade.Tais explicações estarão em uma outra realidade que chamamos : Deus !
Qualquer pessoa pode não acreditar em determinada divindade que lhe for proposta,porem não poderá negar a existência de alguma transcendência à humanidade! Tal posição revelaria a falta de bom raciocínio!
Entendemos que assim se demonstra a insuficiência da razão humana,para explicar a realidade concreta em que vivemos! Somos “obrigados”a aceitar portanto que a explicação é transcendente à essa nossa realidade.Assim vemos desmoronar a muralha da nossa razão,
que nos prendia,nos confinando na nossa pretensa auto-suficiência.Libertos então de nós mesmos,nos tornamos abertos à transcendência.Nosso coração então se abre podendo agora aceitar,se quiser,a experiência do divino!Deus pode então nos sensibilizar com suas propostas!