REFLEXÃO -8 “Ecumenismo”
Lá se vão quarenta anos desde que terminou o concílio Vaticano-II.Muitos temas ali abordados continuam latentes a espera do despertar da Igreja para eles.Um deles é o que se chamou de:”Ecumenismo”ou seja a convivência da Igreja Católica Apostólica Romana com as outras diversas igrejas cristãs que dela estão historicamente separadas .Nesse enfoque consideram-se tanto as mais antigas provenientes dos primórdios dos tempos cristãos, quanto as resultantes do Cisma do Oriente ,como aquelas resultantes da Reforma Protestante..Isto com referência aos acontecimentos do século XVI ou aos dos dias de hoje, quando, a cada momento,surgem novas denominações religiosas.É tratado à parte,sob um título diferente,(Diálogo Inter-religioso) o relacionamento da Igreja Católica com as religiões não cristãs,tanto as monoteístas principais (Judaísmo,Islamismo ),quanto às demais religiões existentes.Para com todas o concílio Vaticano-II teve a dedicação de sua atenção,certamente por inspiração do Espírito Santo,que sendo Deus trabalha no sentido de conduzir a humanidade à aceitação do convite de Deus para que sejamos um só rebanho sob os cuidados do único e verdadeiro pastor: Jesus Cristo!Apesar de passados tantos anos muito pouco se fez de evolução ou de caminhada nesse campo do relacionamento com outras denominações religiosas e é preciso que nos questionemos para procurar as causas de tão pouco ! Dizer que devemos nos questionar é ter como certo que a responsabilidade é de todos nós,leigos e hierarquia da Igreja,que fomos chamados a uma resposta positiva no e pelo concílio Vaticano-II.A primeira vista poder-se-ia pensar que a grande ou maior responsabilidade seria aquela dos pastores em geral, componentes fundamentais da hierarquia da Igreja,afinal são eles que têm que conduzir as ovelhas no pastoreio!Acontece porem que muitas vezes nos esquecemos que o pastor conduz sim as ovelhas,mas não para atender os seus próprios anseios e as suas próprias necessidades,e sim para buscar o benefício das ovelhas enquanto ovelhas ,de forma que se realizem e se plenifiquem,tanto quanto possível, na sua realidade de ovelhas do verdadeiro pastor que é Cristo!Assim sendo percebemos que é um ponto fundamental,nessa e noutras questões,a identificação das necessidades das ovelhas,para que se tornem :boas ovelhas,pois o bom pastor somente acontecerá se por seu meio as ovelhas se motivarem a ser boas ovelhas!Logicamente aí as ovelhas não serão somente aquelas desse ou daquele redil,mas serão todas as ovelhas que precisarão tornar-se um único rebanho sob o único e verdadeiro pastor : Cristo!Quando se chega a este entendimento,percebe-se que é preciso mudar o enfoque.Não mais pensar em convivência com outras religiões partindo-se de premissas religiosas oriundas dessa ou daquela denominação religiosa para identificar pontos coincidentes e discordantes.É preciso partir da realidade humana das ovelhas,enquanto ovelhas,(filhos de Deus) pois todas as ovelhas são igualmente filhos de Deus,pertençam elas a que denominação religiosa pertencerem.Há que se buscar a convivência fraterna das ovelhas em primeiro lugar!É preciso chegar-se à conscientização de que somos todos filhos do mesmo Pai que nos ama a todos misericordiosamente!Somente nos enxergando como irmãos estaremos em condições de nos relacionar amistosamente e aí falarmos :com e do Nosso Pai comum!Torna-se claro então que não podemos continuar nos considerando: os certos e os outros: os errados!Nós :os bons e eles :os maus!Nós:os sérios e verdadeiros e eles:os falsos e mentirosos!Nós:os corretos e honestos e eles não!Nós os que temos o direito de agir em nome de Cristo e eles os usurpadores!Deus não pertence a ninguém,mas todos pertencemos à Deus!(1Cor3,21-23).O desafio que Deus nos coloca ,à nossa frente,é de aceitarmos e amarmos fraternalmente todas as pessoas,independentemente de suas diferenças em relação a nós,sejam elas de raça,naturalidade,condições sociais,parentesco,modo de pensar,modo de agir e também das diferenças de crença e religiosidade que apresentem!Deus criou o ser humano livre para tomar suas próprias decisões (deu-lhe o chamado:livre arbítrio) e Deus respeita sempre a liberdade de cada um de nós.Apesar de contra a Sua vontade ,respeita até mesmo as nossas atitudes,muitas vezes de desrespeito à liberdade do próximo!Com certeza todas as vezes que tratamos nossos irmãos de outras denominações religiosas (ou até mesmo nossos irmãos sem nenhuma opção religiosa ) com desprezo, desconsideração,desrespeito,discriminação,desimportância,desconfiança,desconhecimento,desmoralização,deturpação,destruição,enfim com desamor,é ao próprio Cristo que o fazemos!Ele, o Cristo,certamente está solidário,sempre,com todos os que são agredidos e injustiçados!Peçamos perdão a Deus e aos irmãos por tentarmos,tantas vezes, tomar posse de Deus,como se fosse nossa propriedade e um bem de consumo nosso!Abramos o nosso coração para deixar sair dalí tudo que o entulha e que impede que ali reine o amor de Deus,que se apresenta no ser humano,na forma de amor ao próximo!Será exercitando o amor ao próximo que ,aí sim,concretizaremos o Ecumenismo,concretizaremos o Diálogo Inter-religioso e concretizaremos a boa e respeitosa convivência com todos os irmãos!Fica claro então,que o início,a base de tudo é o amor ao próximo,dom de Deus que precisamos pedir e cultivar!Vale aquí lembrar São João que nos diz que aquele que alega amar a Deus sem amar o irmão é um mentiroso!(1Jo 4,20-21). A Igreja tem nos recomendado a aproximação com nossos “irmãos separados” e desde o concílio Vaticano-II,de uma forma mais insistente!Muitas vezes devido a uma cultura segregacionista e até revanchista procura-se a aproximação com os irmãos separados,de uma forma inconscientemente não autêntica.Busca-se o outro olhando-se para baixo e não na altura do horizonte,como seria normal entre irmãos!Temos muita dificuldade em descer do pedestal em que nos colocamos,para nos relacionar,fraternalmente!Falta-nos, muitas vezes, a confiança para agirmos como imitadores de Cristo,procurando atingir o coração das pessoas,para travar com elas um relacionamento sincero,amistoso e respeitador da individualidade e da liberdade de cada um,enaltecendo o que há de bom e procurando corrigir o que há de mal,tudo de forma caridosa e fraterna.É preciso buscar inicialmente,uma aproximação amistosa com todos,preparando-se o terreno para as subseqüentes ações de relacionamento e compartilhamento de realidades religiosas.Não se pode imaginar fazer Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso ignorando-se a humanidade das pessoas e tratando-as como se fossem simplesmente “envoltórios religiosos”vestidos em manequins,desprovidos de emoções e condicionamentos humanos!Em cada caso o “cerne”está na pessoa humana,filho de Deus,e não na sua condição religiosa!Qualquer tentativa honesta de aproximação com os nossos irmãos separados terá que visar,em primeiro lugar e principalmente,a pessoa humana de cada um dos irmãos.ë preciso conhecê-los,saber de sua vida familiar,profissional,de suas alegrias e tristezas,de suas esperanças e realizações,de suas dúvidas e certezas.Enfim é preciso concretizar,antes de tudo,a convivência fraterna entre nós!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
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